São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2008

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entrevista

Para filósofo, o pensamento crítico pode ser formado pelas duas matérias

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Coordenador de graduação do curso de filosofia da USP, Marco Aurélio Werle acredita que o ideal seria haver um equilíbrio entre história e filosofia.
No entanto, ele considera que a diminuição das aulas de história no currículo será suprida pela inclusão da filosofia, já que ambas levam o pensamento crítico ao aluno.

FOLHA - O que achou da inclusão das duas disciplinas?
MARCO AURÉLIO WERLE
- Acho importante que haja filosofia no ensino médio. A filosofia e a sociologia têm o objetivo de propiciar uma formação humanista para os adolescentes. É importante que elas estejam presentes, mas não necessariamente implicando a saída de outras disciplinas das humanas. O ideal seria conciliar, de modo que cada uma esteja bem representada.

FOLHA - A filosofia não supriria a falta da história?
WERLE
- Acho que sim. Inclusive, a filosofia não pode ser estudada sem a própria história da filosofia. O estudo da filosofia remete necessariamente ao estudo do pensamento histórico.
Tanto é que em nosso curso da graduação temos cinco histórias da filosofia. Supõe-se que o aluno [da graduação] que vai dar aula no ensino médio também enfoque a filosofia do ponto de vista histórico. As duas estão próximas. O importante é que se leve o pensamento crítico ao aluno. E esse pensamento está nas duas disciplinas.

FOLHA - No que a falta de filosofia prejudicou os alunos?
WERLE
- Prejudicou na formação do pensamento crítico.
Nessas últimas décadas se tem insistido muito que o aluno tem que ter informação, mas não se procura fazer com que ele pense, analise tudo isso. Na nossa sociedade, nos últimos dez anos, tem se dado uma especial atenção a profissionais que saibam analisar. Por isso a filosofia voltou à grade.

FOLHA - Existem professores suficientes para a mudança?
WERLE
- Temos poucos cursos que formam licenciados em filosofia. E o aluno, muitas vezes, acaba havendo outras chances profissionais. O magistério não é muito atraente, porque o salário é muito baixo. No início vai ter falta de professores.


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