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entrevista
Para filósofo, o pensamento crítico pode ser formado pelas duas matérias
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Coordenador de graduação
do curso de filosofia da USP,
Marco Aurélio Werle acredita
que o ideal seria haver um equilíbrio entre história e filosofia.
No entanto, ele considera
que a diminuição das aulas de
história no currículo será suprida pela inclusão da filosofia,
já que ambas levam o pensamento crítico ao aluno.
FOLHA - O que achou da inclusão
das duas disciplinas?
MARCO AURÉLIO WERLE - Acho importante que haja filosofia no
ensino médio. A filosofia e a sociologia têm o objetivo de propiciar uma formação humanista para os adolescentes. É importante que elas estejam presentes, mas não necessariamente implicando a saída de
outras disciplinas das humanas. O ideal seria conciliar, de
modo que cada uma esteja bem
representada.
FOLHA - A filosofia não supriria a
falta da história?
WERLE - Acho que sim. Inclusive, a filosofia não pode ser estudada sem a própria história da
filosofia. O estudo da filosofia
remete necessariamente ao estudo do pensamento histórico.
Tanto é que em nosso curso da
graduação temos cinco histórias da filosofia. Supõe-se que o
aluno [da graduação] que vai
dar aula no ensino médio também enfoque a filosofia do ponto de vista histórico. As duas estão próximas. O importante é
que se leve o pensamento crítico ao aluno. E esse pensamento
está nas duas disciplinas.
FOLHA - No que a falta de filosofia
prejudicou os alunos?
WERLE - Prejudicou na formação do pensamento crítico.
Nessas últimas décadas se tem
insistido muito que o aluno tem
que ter informação, mas não se
procura fazer com que ele pense, analise tudo isso. Na nossa
sociedade, nos últimos dez
anos, tem se dado uma especial
atenção a profissionais que saibam analisar. Por isso a filosofia voltou à grade.
FOLHA - Existem professores suficientes para a mudança?
WERLE - Temos poucos cursos
que formam licenciados em filosofia. E o aluno, muitas vezes,
acaba havendo outras chances
profissionais. O magistério não
é muito atraente, porque o salário é muito baixo. No início vai
ter falta de professores.
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