São Paulo, segunda-feira, 06 de dezembro de 2010

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Sem tráfico no Complexo do Alemão, fiéis voltam à igreja da Penha

Marco Antonio Cavalcanti / Agência O Globo
Bondinho leva passageiros até a Igreja da Penha, zona norte do Rio; em dia tranquilo, fiéis voltaram a frequentar o local

JANAINA LAGE
DO RIO

Uma semana após a ocupação policial do Complexo do Alemão, o domingo teve missa lotada na Igreja da Penha e ruas cheias na região, mas moradores ainda temem que a paz seja temporária.
Famosa pelos 382 degraus da escadaria principal, a igreja já chegou a ser usada como ponto de monitoramento de traficantes. Do pátio, é possível avistar a Vila Cruzeiro e o Alemão.
O pároco local, Serafim Fernandes, disse que o movimento aumentou. "Já ouvi testemunhos de pessoas que há anos desejavam conhecer o santuário e vieram agora."
A dona de casa Marilane da Silva, 53, há dois anos tentava pagar a promessa de subir a escadaria de joelhos pela melhora da saúde de um parente. Só após a ocupação policial criou coragem.
Claudia Varelo, 39, moradora do bairro, levou um primo para conhecer o local. "A partir da operação, tenho esperança de ter paz por dois ou três anos. Isso sempre vai existir [o tráfico], é preciso policiamento constante."
Um dos poucos fiéis que estiveram na missa da semana passada, quando o sermão ocorreu ao som de helicópteros sobrevoando a região, o aposentado Antonio Lourenço, 76, disse que não abre mão de frequentar o local. "Minha vida inteira foi aqui. Nossa fé não se abala."

ALEMÃO
A preocupação nas favelas, porém, persiste. "Tudo está mais tranquilo, mas ainda tem bastante gente [traficantes] circulando", disse uma moradora que não quis se identificar. "Está bom, mas ainda é cedo para comemorar", afirmou Luzia, 40.
Acompanhado de duas filhas pequenas, o vigia André, 38, não cria expectativas. "Tenho dois empregos. Só entro em casa para tomar café e dormir no fim de semana. Quando eles [Exército] forem embora, quem vai garantir a nossa segurança?"
Já o conferente de transportadora, Marcos Antonio, 41, disse que as pessoas estão saindo mais de casa. "Estou mais confiante, uma hora a gente tem de acreditar."
Ontem, foram encontradas três toneladas de maconha dentro de um muro de concreto, no alto do Alemão.


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