São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2001

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Grande SP tem maior concentração

DA SUCURSAL DO RIO

A região metropolitana de São Paulo apresenta a maior concentração de favelas do Brasil. Apenas as cidades de São Paulo, Guarulhos, Osasco e Diadema possuem 938 favelas -cerca de um quarto do país. Embora a cidade de São Paulo tenha o maior número absoluto de favelas (612), o crescimento foi pequeno desde o Censo de 1991 -4,6%.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os municípios das regiões metropolitanas do país são os locais onde mais se observa o aumento ou a grande concentração do número de favelas.
"Com o inchaço das capitais, e o incremento econômico dos municípios do entorno do núcleo, este crescimento muitas vezes tem sido maior nestes municípios, podendo justificar o elevado número de favelas em cidades como Osasco e Guarulhos", afirma a geógrafa Valéria Grace.
Quarta no ranking municipal, Guarulhos sofreu com o crescimento desordenado. De 1991 a 2000, a população cresceu 2,46% ao ano. Passou de 780 mil para quase 1,1 milhão de habitantes. Nesse período, o número de favelas mais do que dobrou, de 64 para 136.
Segundo a geógrafa e demógrafa Suzana Pasternak, a favelização tende a ser um fenômeno metropolitano -onde há maior atividade econômica-, associado ao alto preço da terra, ao desemprego, a uma perda de renda e à falta de uma política de combate ao déficit habitacional.

Marketing
Em Belém (PA), o número de favelas mais que triplicou nos últimos nove anos, passando de 20 para 93. A região metropolitana de Belém apresentou uma taxa de crescimento populacional anual de 3,33% nesse período. É o dobro da média nacional, que foi de 1,63%.
Curitiba é um caso à parte. Como uma cidade que é associada a qualidade de vida pode ter 122 favelas -ocupando a quinta colocação do ranking municipal? "É uma cidade que tem muito marketing e muita pobreza", afirma a socióloga Alba Zaluar.
"Eles tem um marketing muito bem feito e um centro da cidade melhor do que o de São Paulo", concorda Suzana. Para a especialista, a publicidade positiva sobre a cidade pode ter atraído um fluxo de migrantes.

Urbanização
Segundo Valéria, houve um significativo aumento da concentração urbana no Paraná -hoje, 81,42% da população mora em cidades. Fatores como o aumento da industrialização contribuíram para esse aumento.
Ela afirma que houve um redirecionamento dos fluxos migratórios, que passaram a ocorrer dentro do Estado -principalmente do oeste do Estado para a região metropolitana de Curitiba.


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