São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ADMINISTRAÇÃO

Jilmar Tatto vê "ação partidária" na reabertura de investigações sobre presidente da CET; Marrey entrará com ação penal

Procurador e secretário trocam acusações

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do Conselho Superior do Ministério Público de reabrir as investigações que envolvem Dernal Oliveira Santos, novo presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), levou a uma troca de acusações entre representantes da gestão Marta Suplicy (PT) e Luiz Antonio Guimarães Marrey, procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo.
O secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, vinculou a atitude a uma ação partidária -acusação que levou Marta a ser alvo de um pedido de inquérito policial no mês passado. "Há indícios de que eles estão ligados ao PSDB. Acho isso tudo uma bobagem, eles deveriam ser processados por improbidade administrativa. Estão gastando dinheiro público em algo desnecessário", afirmou Tatto.
Marrey declarou que repudia "com veemência as afirmativas absurdas e falsas" feitas por Tatto, classificou a postura dele de "antidemocrática e anti-republicana" e disse ser "lamentável essa intolerância em relação a qualquer mecanismo de fiscalização". Afirmou ainda que entrará com uma representação pedindo uma ação penal por crime de calúnia "em relação a esse Jilmar Tatto".
"Lamento que ele se incomode tanto com a investigação, que, aliás, é fruto de um expediente no qual consta um documento que dá a entender que teria havido acordo prévio entre os participantes da licitação. Isso necessariamente precisa ser objeto de apuração", disse Marrey. "Eles não reclamam quando a Procuradoria deu parecer e defendeu ser constitucionais essas inúmeras taxas que a prefeitura criou", afirmou.
Conforme informou a Folha ontem, Santos voltou a ser investigado num processo que apura irregularidades na condução da licitação que selecionou os perueiros que operam hoje na capital paulista. Em fevereiro de 2003, quando ele era chefe-de-gabinete da Secretaria dos Transportes, foi realizada uma reunião na sala dele na qual perueiros discutiram a "divisão" das áreas disputadas, de forma que todos fossem contemplados. A tentativa de loteamento foi formalizada em uma ata, assinada por todos (inclusive Santos).
O novo presidente da CET afirmou ontem estar tranquilo "porque não houve nenhum direcionamento ou favorecimento".
A promotora Andréa Chiaratti havia mandado arquivar a investigação, seis meses depois de receber as denúncias, sem ouvir nenhuma das partes citadas. A decisão dela foi derrubada no Conselho Superior do Ministério Público no dia 17 de novembro.
Marrey afirmou que a atitude dos conselheiros foi "correta" porque não chegou a haver nenhuma investigação. Segundo ele, Chiaratti sugeriu arquivá-la "por um motivo formal", sugerindo que as denúncias fossem tratadas em outras ações. (ALENCAR IZIDORO E ISABELLE MOREIRA LIMA)


Texto Anterior: Há 50 anos: Rússia debaterá plano atômico
Próximo Texto: Trânsito segue tranquilo perto da Rebouças
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.