São Paulo, sábado, 07 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TERROR NA LINHA 350

Policial afirma que adolescente chorou e negou crime

Confusão foi porque menina mentiu, afirma inspetora

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Responsável pelas investigações do caso do ônibus 350, a inspetora Marina Maggessi afirmou ontem que todas as confusões na apuração aconteceram porque Alexandra, a adolescente de 13 anos presa dias depois do crime, mentiu para a polícia.
"Ela morava ali, o irmão dela trabalha para o tráfico, ela cheira cocaína e fuma maconha quando dão para ela. A garota é conhecida de todo mundo", disse Maggessi.
A inspetora disse que, dias após a ação, um PM prendeu a menina. "Ele já havia prendido o irmão dela e, quando soube que uma adolescente tinha participado da ação, bateu direto na casa dela."
Quando o PM chegou à menina, dizendo que "sabia" que ela havia participado, ela não negou. "Talvez com medo de que alguma coisa acontecesse com seu irmão."
Na delegacia, a adolescente contou à polícia tudo o que ouviu falar no morro. Ela conhecia Lorde e sabia que uma Brenda era sua namorada. Quando a polícia chegou com uma foto de Sabrina Aparecida Marques Mendes, ela disse que aquela era a Brenda.
Ela afirmou que o erro com Sabrina fez com que a polícia voltasse às primeiras fontes. Ela mostrou à garota uma foto de Brenda e percebeu que ela não a havia reconhecido. "Falei com ela: você ajudou tanto a gente ao tirar uma inocente [Sabrina] da cadeia. O que você está fazendo na cadeia? Vou perguntar uma coisa. Você participou desse crime? Ela começou a chorar e disse que não."
O juiz da 2ª Vara de Infância e Juventude, Guaraci Vianna, já foi informado de que a menina não cometeu o crime. Há duas semanas, ela havia sido condenada a três anos de cumprimento de medidas socioeducativas. Cabe à Justiça decidir se será solta ou punida por mentir e prejudicar o caso.
Em entrevista à Folha em 8 de dezembro, ela disse que escutou Lorde pedir para o grupo queimar o ônibus e matar todos dentro dele. Mas à Justiça afirmou que, ao ouvir a ordem, achou que era brincadeira. "Se pudesse voltar no tempo, não faria o que fiz."
A menina, na entrevista, pediu para ser chamada de Alexandra, por admirar a personagem de Nívea Stelmann em "Alma Gêmea", da TV Globo. (TALITA FIGUEIREDO)


Texto Anterior: Sabrina diz que não namora mais bandido
Próximo Texto: Letras Jurídicas - Walter Ceneviva: Para substituir a ficção de igualdade em 2006
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.