São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2007

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Preso acusado de matar diretor de CDP

Segundo a polícia, o homem disse ser integrante da facção criminosa PCC; Wellington Segura foi morto em 26 de janeiro

Morte do responsável pelo presídio de Mauá foi tramada em conversas telefônicas captadas em escutas feitas pela polícia

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de Mauá (ABC) prendeu ontem um dos três homens procurados pelo assassinato do diretor do CDP (Centro de Detenção Provisória) da cidade, Wellington Rodrigo Segura, 31, ocorrido na noite do dia 26 de janeiro.
Fábio Aparecido de Almeida, 26, o Magrelo, estava numa chácara de parentes em Rio Grande da Serra, também no ABC. Ao ser preso, ele assumiu ser integrante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a polícia.
Até a noite de ontem, Almeida ainda não havia constituído advogado de defesa.
Para chegar a Almeida, o delegado Américo dos Santos Neto disse que contou com escutas telefônicas feitas pelo Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo) e nas quais criminosos -presos e outros em liberdade- tramaram a morte de Segura, que levou quatro tiros.
Num grampo telefônico, feito na tarde da sexta-feira em que Segura foi morto, criminosos ligaram para presidiários ligados ao PCC e disseram a seguinte frase: "A Parati já está na mão e hoje vai ter baile funk".
Para chegar ao local onde foi armada uma emboscada contra Segura, os três criminosos usaram exatamente uma Parati preta. O veículo foi encontrado pela polícia no dia seguinte ao crime e estava parcialmente destruído pelo fogo.
A polícia só conseguiu interpretar o sentido de "vai ter baile funk" no grampo telefônico após o assassinato de Segura.
Depois do crime, vários diretores de presídios, principalmente no oeste do Estado, onde estão cerca de 32 mil presidiários hoje, receberam reforço em seus esquemas de segurança. Atualmente, alguns diretores de presídios só saem às ruas acompanhados de PMs e usando coletes à prova de bala.
O detento José Cláudio Pires Leal Albino, o Carrefour, que está na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), é um dos que serão acusados pela morte de Segura, que era visto como "linha-dura" pelos integrantes do PCC.
Outra ajuda para chegar aos assassinos de Segura, já que os outros seis acusados de envolvimento em sua morte já estão identificados (três detentos e outros três nas ruas, além de Almeida), foi o depoimento de um presidiário que deve R$ 6.000 ao PCC e está jurado de morte pela facção criminosa.
Neste ano, esse detento relatou em depoimentos à SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) e à polícia um plano para matar diretores de presídios no Estado.
Esse detento estava no CDP de Parelheiros, zona sul de São Paulo. Depois das denúncias foi transferido pela SAP.
A polícia também tem a convicção de que os criminosos do PCC ligados à morte de Segura foram "premiados" pela organização criminosa: com o assassinato, Almeida foi "promovido" ao posto de "sintonia" (espécie de gerente) da facção na região de Mauá. Antes ele cuidava da administração do dinheiro arrecadado pelo grupo naquela área do ABC.


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