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Ex-dependente inaugura clínica
DA REPORTAGEM LOCAL
Em cinco dos nove anos em que
esteve à frente da administração
do aeroporto de São José dos
Campos (SP), Jefferson Luiz da
Silva Lima, 44, vivia sob efeito de
álcool e cocaína. Chegou a desmaiar no saguão.
Em 91, diz que chegou ao limite
de faltas, com queda no desempenho e ocorrência de acidentes
pessoais. Havia rompido com a
família, e a mulher havia saído de
casa. "Mas achava que as coisas
estavam sob controle."
Nessa época, seu chefe na Embraer (a empresa ajudava a gerir o
aeroporto) sugeriu tratamento na
clínica. "Recusei imediatamente,
aleguei que não era louco." Mas,
aos poucos, foi convencido pelo
serviço social da empresa. Após
um mês internado, nunca mais
teve recaída. Isso foi há 13 anos.
Hoje, Lima tem uma clínica de
recuperação, a Villa São José. Cerca de 80% da clientela é de funcionários de grandes empresas, como Embraer, Volkswagen e Villares. A clínica atende até 20 pacientes, que têm atividades das 8h30
às 17h30, incluindo orações, palestras, filmes e psicoterapia.
Ele diz que o índice de recuperação de um funcionário que chega
à clínica encaminhado por empresas é de 90%. Já entre os pacientes levados pela família ou
por amigos, não chega a 40%.
Segundo Lima, é cada vez mais
comum o empregado decidir se
tratar após ser flagrado no teste.
"É a ferramenta perfeita para quebrar o processo de negação."
Após a internação (30 a 45 dias),
o funcionário tem um pós-tratamento na empresa, que prevê a
participação em grupos de auto-ajuda e sessões de psicoterapia.
Após esse período, está liberado
para freqüentar reuniões dos alcoólicos ou narcóticos anônimos.
Para Silze Morgado, coordenadora do Centro de Dependência
Química de Vila Serena, além da
responsabilidade social, as empresas estão entendendo ser mais
vantajoso investir em prevenção e
tratamento que arcar com a alta
abstenção e mais riscos de acidentes e prejuízo à sua imagem.
Para o advogado Marcelo Pereira Gômara, que presta consultoria
jurídica para empresas sobre testagem toxicológica, há também a
questão comercial. Os EUA, por
exemplo, só importam produtos
tecnológicos de empresas que fazem testagem toxicológica.
(CC)
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