São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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Ex-dependente inaugura clínica

DA REPORTAGEM LOCAL

Em cinco dos nove anos em que esteve à frente da administração do aeroporto de São José dos Campos (SP), Jefferson Luiz da Silva Lima, 44, vivia sob efeito de álcool e cocaína. Chegou a desmaiar no saguão.
Em 91, diz que chegou ao limite de faltas, com queda no desempenho e ocorrência de acidentes pessoais. Havia rompido com a família, e a mulher havia saído de casa. "Mas achava que as coisas estavam sob controle."
Nessa época, seu chefe na Embraer (a empresa ajudava a gerir o aeroporto) sugeriu tratamento na clínica. "Recusei imediatamente, aleguei que não era louco." Mas, aos poucos, foi convencido pelo serviço social da empresa. Após um mês internado, nunca mais teve recaída. Isso foi há 13 anos.
Hoje, Lima tem uma clínica de recuperação, a Villa São José. Cerca de 80% da clientela é de funcionários de grandes empresas, como Embraer, Volkswagen e Villares. A clínica atende até 20 pacientes, que têm atividades das 8h30 às 17h30, incluindo orações, palestras, filmes e psicoterapia.
Ele diz que o índice de recuperação de um funcionário que chega à clínica encaminhado por empresas é de 90%. Já entre os pacientes levados pela família ou por amigos, não chega a 40%.
Segundo Lima, é cada vez mais comum o empregado decidir se tratar após ser flagrado no teste. "É a ferramenta perfeita para quebrar o processo de negação."
Após a internação (30 a 45 dias), o funcionário tem um pós-tratamento na empresa, que prevê a participação em grupos de auto-ajuda e sessões de psicoterapia. Após esse período, está liberado para freqüentar reuniões dos alcoólicos ou narcóticos anônimos.
Para Silze Morgado, coordenadora do Centro de Dependência Química de Vila Serena, além da responsabilidade social, as empresas estão entendendo ser mais vantajoso investir em prevenção e tratamento que arcar com a alta abstenção e mais riscos de acidentes e prejuízo à sua imagem.
Para o advogado Marcelo Pereira Gômara, que presta consultoria jurídica para empresas sobre testagem toxicológica, há também a questão comercial. Os EUA, por exemplo, só importam produtos tecnológicos de empresas que fazem testagem toxicológica. (CC)


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