São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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Grávida, menor não tem enxoval

DA FOLHA CAMPINAS

Sem dinheiro para comprar o enxoval da filha, que deve nascer no próximo mês, uma das adolescentes de 16 anos que foi aliciada na cidade de Porto Ferreira afirma que seu maior desejo, hoje, é ganhar uma indenização.
"Eu queria minha indenização para a minha mãe comprar uma casa e sair daqui. Eu não agüento mais viver na minha [casa]. Eu sou discriminada pelo meu próprio pai", afirma a adolescente.
Luiza (nome fictício) afirmou que tem certeza de que sua filha é de um ex-namorado.
Para a adolescente, uma possível condenação dos acusados não faz diferença. "Tanto faz. Eles já estragaram minha vida. Tenho certeza de que eles não vão ficar presos", declarou.
A adolescente disse que se arrepende de ter denunciado a participação dos vereadores, empresário, servidores municipais e comerciantes nas festas em ranchos e chácaras da cidade, que incluíam jogos sexuais.
"Minha vida piorou muito depois de tudo isso, e eu sei que eles não vão ficar presos", afirmou.

Sonho
Luiza conta que encontra as outras adolescentes que estiveram envolvidas no caso na escola com freqüência. Conta também um sonho. "Todas estão indo para a escola. Eu gostaria de fazer uma faculdade, mas eu não sei ainda qual será", disse.
A mãe da adolescente -que também pediu para não ser identificada- afirmou esperar que todos os envolvidos sejam condenados pelo envolvimento no esquema em Porto Ferreira.
"Que a minha filha cuide bem da filha dela para que a menina também não vá para o rancho", afirmou a mulher, que está desempregada. (DP)


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