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BANGUE-BANGUE NO RIO
Polícia fluminense aponta para um aumento dos ataques de traficantes a grupos rivais em favelas
Em 2005, tráfico invade mais e mata 21
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Em pouco mais de dois meses,
ao menos dez favelas do Rio foram atacadas ou sofreram tentativas de invasão por traficantes de
comunidades em que a venda de
drogas é dominada por grupos rivais. Os confrontos causaram a
morte de pelo menos 21 pessoas,
algumas delas sem nenhum envolvimento com o tráfico.
Esses números mostram um recrudescimento dos conflitos entre
quadrilhas rivais. No mesmo período do ano passado, cinco favelas foram invadidas por grupos
inimigos, com saldo de 17 mortes.
Na época, os confrontos ficaram
restritos a três pontos da cidade
-Ilha do Governador e complexo da Maré, na zona norte, e Santa
Cruz, na zona oeste.
Na maioria das favelas atacadas
neste ano, o tráfico é dominado
pela facção ADA (Amigo dos
Amigos), que se fortaleceu nos últimos meses por ter passado a
controlar a venda de drogas em
antigos redutos do CV (Comando
Vermelho), como a Rocinha e o
Vidigal (na zona sul).
Gangues em expansão
O acirramento dos confrontos,
segundo o setor de inteligência da
polícia, teria ligação com uma
tentativa do CV de recuperar redutos perdidos e do TCP (Terceiro Comando Puro) de expandir
seus domínios depois da prisão
ou da morte de vários chefes da
facção, no ano passado.
Já a ADA atacou redutos que
vem tentando controlar há tempos, como o morro da Mineira
(Catumbi, na zona central) e a
Baixa do Sapateiro (no complexo
da Maré, na zona norte).
Só entre domingo e segunda-feira passados, ocorreram três invasões a morros no Rio. Os tiroteios deixaram dez mortos.
O último confronto aconteceu
no início da noite de segunda, no
morro do Vidigal. Informações
do Serviço Reservado do 23º Batalhão da Polícia Militar (no Leblon) indicam que, em plena hora
do rush, um grupo de traficantes
do morro do Cerro Corá (Cosme
Velho), ligados ao CV, invadiram
o Vidigal e retomaram o controle
das bocas-de-fumo da favela, que
estavam com a facção da ADA
desde dezembro.
A Polícia Militar tentou intervir
no confronto e trocou tiros com
os criminosos. Um policial e um
morador da favela acabaram
mortos. No dia seguinte, o corpo
de outra vítima da guerra foi localizado no morro.
Horas antes, traficantes do morro da Serrinha (zona norte) invadiram o morro do Juramento, em
Vicente de Carvalho, na mesma
região. Houve tiroteio. Quatro supostos traficantes morreram.
A guerra entre as quadrilhas dos
dois morros começou no início de
janeiro, quando traficantes da favela de Acari (zona norte), vinculados ao TCP, assumiram o controle das bocas-de-fumo da Serrinha, que pertenciam à ADA.
Desde então, o TCP vem se articulando para tomar o Juramento.
Moradores informaram que os
traficantes da facção se refugiaram na mata que liga as duas favelas, onde já teriam montado um
acampamento.
Nas favelas da Tijuca (na zona
norte), que não registravam confrontos nos últimos meses, houve
enfrentamentos no último domingo. Traficantes do morro do
Borel, ligados ao CV, atacaram o
morro da Casa Branca, da ADA.
Um morador morreu atingido
por uma bala perdida. Já no morro do Quitungo cinco supostos
traficantes foram mortos depois
que a comunidade, base da ADA,
foi invadida por homens do Comando Vermelho.
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