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Povo está "à mercê da violência", afirma vítima de bala perdida
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Vítima de bala perdida no tiroteio do complexo do Alemão,
a professora de história Matilde Ferreira, 40, reclamou, no
hospital, da atuação dos governos federal e estadual no combate à violência. Agora, a família já pensa em novamente morar no exterior. De 2001 a 2004,
ela, o marido e os filhos viveram nos EUA. Fugiam da violência e do desemprego.
"Somos trabalhadores, cumprimos com nossas tarefas,
nossas obrigações, e o Estado
não cumpre com nada. Ficamos à mercê dessa violência toda", disse ela à Folha, enquanto
recebia a visita do marido, o representante comercial Manuel
Ferreira, 45, no hospital.
A família morou em Nova
Jersey. Matilde trabalhava como faxineira. Ferreira, comissário de bordo que acabara de
perder o emprego com a falência da Transbrasil, como caminhoneiro. Os dois filhos -hoje,
o menino tem 12 anos; a menina, 9- estudavam.
Três anos depois, retornaram para o Rio. O marido conta
que Matilde estava com saudades dos parentes e amigos, do
dia-a-dia do país que adora,
mas que não vinha dando ao
casal a oportunidade de criar os
filhos de maneira digna.
Ela voltou a lecionar história
para alunos dos ensinos fundamental e médio. Ele passou a
trabalhar como representante
comercial. Para surpresa do casal, que passou a morar na Ilha
do Governador (zona norte), o
Rio estava ainda mais violento.
O marido conta ter se espantado com a quantidade de casas
e prédios gradeados. "A Ilha do
Governador não está fácil. É tiroteio, milícia, gente morrendo
para tudo quanto é lado."
A professora foi baleada
quando deixava o colégio, de
manhã.
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