São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

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Povo está "à mercê da violência", afirma vítima de bala perdida

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Vítima de bala perdida no tiroteio do complexo do Alemão, a professora de história Matilde Ferreira, 40, reclamou, no hospital, da atuação dos governos federal e estadual no combate à violência. Agora, a família já pensa em novamente morar no exterior. De 2001 a 2004, ela, o marido e os filhos viveram nos EUA. Fugiam da violência e do desemprego.
"Somos trabalhadores, cumprimos com nossas tarefas, nossas obrigações, e o Estado não cumpre com nada. Ficamos à mercê dessa violência toda", disse ela à Folha, enquanto recebia a visita do marido, o representante comercial Manuel Ferreira, 45, no hospital.
A família morou em Nova Jersey. Matilde trabalhava como faxineira. Ferreira, comissário de bordo que acabara de perder o emprego com a falência da Transbrasil, como caminhoneiro. Os dois filhos -hoje, o menino tem 12 anos; a menina, 9- estudavam.
Três anos depois, retornaram para o Rio. O marido conta que Matilde estava com saudades dos parentes e amigos, do dia-a-dia do país que adora, mas que não vinha dando ao casal a oportunidade de criar os filhos de maneira digna.
Ela voltou a lecionar história para alunos dos ensinos fundamental e médio. Ele passou a trabalhar como representante comercial. Para surpresa do casal, que passou a morar na Ilha do Governador (zona norte), o Rio estava ainda mais violento.
O marido conta ter se espantado com a quantidade de casas e prédios gradeados. "A Ilha do Governador não está fácil. É tiroteio, milícia, gente morrendo para tudo quanto é lado."
A professora foi baleada quando deixava o colégio, de manhã.


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