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MEC vai investigar curso que aprovou garoto
Ministro da Educação diz que intensificará fiscalização nos cursos de direito e que pretende fechar cerca de 14 mil vagas
João Victor, 8, aprovado em direito na Unip, foi barrado na porta da universidade; apesar de ter pago R$ 500, direção diz que ele não está matriculado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
O ministro Fernando Haddad (Educação) afirmou ontem
que vai investigar o processo
seletivo da Unip (Universidade
Paulista) em Goiânia, depois
que um menino de oito anos foi
aprovado no vestibular da instituição. Haddad classificou como "preocupante" a aprovação
do garoto, segundo informações repassadas pela assessoria
de imprensa do ministério.
"Li a notícia com muita preocupação. Vamos requisitar o
material do vestibular para verificar se os critérios são compatíveis com a excelência de
ensino", disse.
O ministro disse ainda que
pretende aumentar a fiscalização sobre cursos de direito que
têm nível insatisfatório de ensino. "Já fechamos 6.000 vagas
de instituições em situação crítica e queremos chegar a 14 mil
ou 15 mil. No passado, se entendia que o mercado regularia o
setor. Nosso entendimento é
que o Estado precisa avaliá-lo e
regulá-lo", disse.
Ontem, João Victor Portellinha, 8, foi barrado ao tentar entrar na Unip, acompanhado do
pai. O garoto, que cursa a quinta série, foi à faculdade para assistir experimentalmente a
uma aula e "conhecer as instalações", segundo o pai, Willian
Ribeiro, 42. Mas foi impedido
de entrar por seguranças.
Críticas
A aprovação do menino no
vestibular gerou críticas tanto
do Ministério da Educação como da seção da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) de
Goiás. A família tenta garantir
que ele ingresse no curso.
A Unip diz que não há como.
Segundo a universidade, o pai
da criança pagou o boleto de
matrícula, o que não garante o
ingresso do aluno na faculdade.
Agora, a faculdade diz que, para
formalizar a inscrição, é preciso documentação que o garoto
não possui, como comprovante
de conclusão do ensino médio.
A Unip diz que vai devolver os
mais de R$ 500 já pagos.
A direção da instituição afirma que não permitiu a entrada
do garoto ontem justamente
porque ele não está formalmente matriculado. A família,
porém, afirma que já assinou
contrato de inscrição.
O menino fez as provas na
sexta-feira da semana passada.
O exame havia sido agendado
na sede da Unip. O resultado foi
divulgado na última segunda.
O garoto diz que conseguiu a
aprovação apesar de não ter estudado matemática, química e
física. Em nota, a Unip elogia a
redação feita pelo garoto, considerado "com boa capacidade
de expressão". Mas se recusa a
apresentá-la aos jornalistas.
Preparo
Empresário do ramo de medicamentos, o pai diz que o menino é preparado para cursar
direito, apesar da idade. "Essa
meninada de hoje é evoluída.
Tem promotor de Justiça com
18 anos." Ele também estuda
direito na Unip em Goiânia.
O garoto e o pai vêm a São
Paulo hoje para discutir a matrícula com a direção nacional
da universidade. A família estuda entrar na Justiça para assegurar o ingresso de João Victor
na faculdade. Ele diz sonhar em
ser "juiz federal" e afirma que
pretende continuar os estudos
no ensino fundamental à tarde
e cursar a faculdade de manhã.
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