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BATICUM
DANUZA LEÃO
Longa vida aos blocos
AS BANDAS são o que há de
mais democrático e divertido
no Carnaval.
No sábado, Ipanema foi
ocupada por uma gente colorida que usava boás de plumas rosa choque, colares de
havaiana, perucas de ráfia,
às vezes tudo ao mesmo tempo -as mulheres, e os homens também. Para sair
atrás da banda, ou só para
passear no bairro.
A banda está sofisticada.
No meio da animação, um
vendedor oferecia doses de
tequila José Cuervo (R$ 10 a
dose), servida em copinhos
plásticos, de cafezinho.
Outro levava objetos eróticos, fundamentais depois de
uma tarde tão excitante, enquanto um alegre folião, de
coleira e máscara de cachorro, andava de quatro, mordendo as pernas das mulheres -com direito a "au, au"-
, e sendo chicoteado por sua
acompanhante. Como as músicas são antigas, todo mundo conhece as letras e canta.
Rola muita grana, mas
muita grana mesmo, nos desfiles das escolas, nos bailes,
nos trios elétricos de Salvador, nas feijoadas, e quanto
mais famosos forem (pagos),
melhor. Já ninguém organiza
bandas e blocos pensando
em ganhar dinheiro; para sair
cantando e dançando, não é
preciso nem de patrocínio,
nem de apoio cultural.
Que as autoridades não inventem um choque de ordem
nas bandas. O sambódromo
foi feito com a melhor das intenções, mas samba que é
samba mesmo, esse acabou.
Como as arquibancadas são
altas, e não dá para ver os pés
dos passistas, eles não sambam mais, só desfilam.
A gente sabe que o tempo
passa, as coisas mudam, mas
deixem as bandas; é só nelas
que as pessoas podem se divertir ao ar livre, num cenário
já pronto, e sem gastar nada.
Nas bandas tem velho, moço, criança de colo, todos os
sexos convivem harmoniosamente, não pinta briga nem
assalto e, a qualquer hora, é
só atravessar a rua e dar um
mergulho, tem melhor?
As escolas parecem quartel, tal a disciplina; já os blocos são livres, cada um se veste como quer, dança como
quer, pelo tempo que quer, e
bebe a cerveja que quer. Se incomodam aos mal-humorados, que cada um ponha um
chumacinho de algodão nos
ouvidos até a banda acabar
de passar, e deixem as pessoas se divertirem em paz.
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