São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2005

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VIOLÊNCIA SEXUAL

Foto encontrada em computador aponta para crime em república, afirma polícia

Três estudantes da PUC-Campinas são acusados de estuprar colega

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Três universitários -dois alunos do curso de arquitetura e um de jornalismo- da PUC-Campinas foram presos temporariamente sob acusação de dopar e depois estuprar uma estudante de 24 anos em uma república estudantil após um churrasco.
Um deles foi preso anteontem no prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Os outros foram presos na segunda. O crime ocorreu em 8 de dezembro de 2004, mas só agora a polícia obteve provas para pedir a prisão dos três alunos. O caso é investigado sob sigilo pela Polícia Civil. Até ontem, os três acusados, de idades entre 20 e 25 anos, não haviam constituído advogado.
A polícia achou uma fotografia, em um computador na república, em que a vítima aparece nua, aparentemente desacordada e sendo segurada por dois universitários -também nus-, enquanto o terceiro estudante aparece ao lado dela com o pênis ereto.
Os estudantes também aparecem em outras fotografias localizadas no mesmo computador consumindo drogas.
"Ela e a sua família passam por acompanhamento psicológico por causa desse crime bárbaro", disse o advogado da vítima, Ralph Tórtima Stettinger Filho.
A universitária -que está no terceiro ano de arquitetura- transferiu o curso no início do ano para uma universidade de São Paulo.

Churrasco
A universitária registrou boletim de ocorrência em 10 de dezembro e passou por exames de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) no mesmo dia. Ela também fez exame particular no Hospital São Luís, em São Paulo. Os resultados comprovaram o abuso, segundo o advogado.
De acordo com o boletim de ocorrência, a universitária foi a um churrasco de confraternização da faculdade de arquitetura com uma amiga, em uma chácara de Campinas. Ela relata que começou a se sentir mal após ter tomado uma bebida oferecida por pessoas no local do churrasco.
Em seguida, a universitária afirma ter deixado a chácara na companhia dos três acusados, que ofereceram carona. "Depois disso ela perdeu a consciência e só a retomou no dia seguinte, nua no banheiro da república", disse o advogado da estudante.
As roupas dela estavam dobradas e postas a seu lado. A vítima disse à polícia ter acordado com arranhões e hematomas.
O inquérito policial foi instaurado no dia 17 de dezembro e a polícia ouviu testemunhas, amigos e colegas dela e dos acusados. Na semana passada, a polícia recebeu o laudo da perícia no computador e elaborou o pedido de prisão.
Além dos três universitários presos, outros dois moram na república, que fica no bairro Chácara Primavera -região próxima ao campus da PUC. A república é batizada pelos estudantes como "caverna". A polícia investiga se outros alunos dessa república e de outra localizada em frente teriam participado do crime, tirando fotos ou assistindo ao estupro.
A jovem ainda passou por diversos exames para constatar se houve transmissão de doença venérea, mas os testes deram negativo. O inquérito está em fase final e aguarda o resultado de perícias e o depoimento dos três acusados antes de ser remetido à Justiça.

PUC
A PUC-Campinas confirmou ontem, por meio de nota oficial divulgada por sua assessoria de imprensa, "que um aluno da universidade foi detido, para investigações da Polícia Civil de Campinas sobre fatos ocorridos em ambiente externo à universidade".
De acordo com a nota, a detenção ocorreu em um pátio do campus 1, razão pela qual a reitoria "orientou a direção da Faculdade [de Arquitetura e Urbanismo] a esclarecer os demais alunos".
A universidade informou ainda que "não tem mais detalhes sobre o caso e aguarda o desenvolvimento das investigações".


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