São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2005

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Ação só escondeu sujeira, diz ONG

DA REPORTAGEM LOCAL

Para especialistas em saúde, redução de danos e urbanismo, a Operação Limpa da Prefeitura de São Paulo fez apenas "varrer a sujeira para debaixo do tapete".
"Um projeto de revitalização exige planejamento e ações integradas com comerciantes, usuários, secretarias e a sociedade civil organizada", diz Naíme Silva, presidente do É de Lei, organização que atua na "cracolândia" há cinco anos na perspectiva da redução de danos no uso de drogas.
"Durante a operação, vimos muita porrada e humilhação da população local. Não adianta dar tratamento compulsório aos usuários e abandoná-los. A prefeitura deveria ouvir os usuários e fazê-los participar do processo. Aquilo é a casa deles, e não se faz a reforma em um prédio sem consultar seus moradores."
A própria prefeitura admite que não há vagas em serviços especializados em dependência química para todos da cracolândia.
"A droga se encaixa como uma luva para a situação de rua: promove uma sociabilidade de rua e faz com que as crianças dali fiquem anestesiadas. Há ações mais eficazes que a truculência", aponta Auro Lescher, coordenador do Projeto Quixote, que trata de crianças de rua. "Nem polícia nem higienização funcionam para uma questão complexa como a "cracolândia", onde o problema é social", diz Nádia Somekh, ex-presidente da Emurb e diretora de arquitetura da universidade Mackenzie. (FM)


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