|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ação só escondeu sujeira, diz ONG
DA REPORTAGEM LOCAL
Para especialistas em saúde, redução de danos e urbanismo, a
Operação Limpa da Prefeitura de
São Paulo fez apenas "varrer a sujeira para debaixo do tapete".
"Um projeto de revitalização
exige planejamento e ações integradas com comerciantes, usuários, secretarias e a sociedade civil
organizada", diz Naíme Silva, presidente do É de Lei, organização
que atua na "cracolândia" há cinco anos na perspectiva da redução
de danos no uso de drogas.
"Durante a operação, vimos
muita porrada e humilhação da
população local. Não adianta dar
tratamento compulsório aos
usuários e abandoná-los. A prefeitura deveria ouvir os usuários e
fazê-los participar do processo.
Aquilo é a casa deles, e não se faz a
reforma em um prédio sem consultar seus moradores."
A própria prefeitura admite que
não há vagas em serviços especializados em dependência química
para todos da cracolândia.
"A droga se encaixa como uma
luva para a situação de rua: promove uma sociabilidade de rua e
faz com que as crianças dali fiquem anestesiadas. Há ações
mais eficazes que a truculência",
aponta Auro Lescher, coordenador do Projeto Quixote, que trata
de crianças de rua. "Nem polícia
nem higienização funcionam para uma questão complexa como a
"cracolândia", onde o problema é
social", diz Nádia Somekh, ex-presidente da Emurb e diretora de
arquitetura da universidade Mackenzie.
(FM)
Texto Anterior: Reduto do crack: Cracolândia resiste, agora em novo endereço Próximo Texto: Mundo animal: Zoológico de Brasília é interditado por falta de segurança para público Índice
|