DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito José Serra (PSDB) disse ontem que o PT de São Paulo está tentando atender aos interesses dos "grandes grupos" ao tentar derrubar os critérios de pagamento das dívidas deixadas pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
"Querem obstruir uma medida para pagamento da dívida deixada por eles. Estão atendendo aos interesses dos grandes grupos. Fizemos um esquema de pagamento para atender aos pequenos credores. Pagamos mais de 90% dos credores", disse Serra.
As reclamações do prefeito se referem ao projeto de decreto legislativo apresentado pela bancada petista que tenta invalidar a portaria que definiu os critérios.
Serra quer pagar neste ano somente a quem tem créditos, por contrato, de até R$ 100 mil. Para isso, teve de quebrar a ordem cronológica de pagamento de fornecedores alegando "relevante interesse público".
Se essa ordem fosse respeitada, dizem auxiliares de Serra, os primeiros a receber seriam as empresas que têm milhões de crédito, como as de limpeza.
"Ele [petistas] querem que paguemos primeiro os grandes. Alguns, inclusive, valores duvidosos", completou Serra, que esteve ontem à tarde em Brasília.
Além disso, Serra criticou o fato de a Câmara Municipal não ter lido o projeto da prefeitura, enviado há mais de um mês, que modifica regras da previdência municipal. "Perdemos R$ 300 mil por dia com isso", disse o tucano.
Segundo Serra, o PT e o centrão -16 vereadores que se dizem independentes- se fundiram por meio do fisiologismo e são agora ""indistinguíveis e atrapalham" o governo. Ele classificou o grupo de "fazenda dos bichos", em referência à obra de George Orwell "A Revolução dos Bichos".
Para ele, os petistas locais têm "a política de não prestar atenção em tudo, de fazer obra sem projeto, do desperdício, de atender interesses e de lotear a máquina".

Ameaça do PT
O líder do PT na Câmara, João Antonio, afirmou que as declarações de Serra são graves e podem levar o partido a levá-lo à Justiça.
"Isso mostra o desespero do prefeito por não estar conseguindo por meios democráticos de construir sua maioria na Câmara Municipal", disse o líder petista.
Para João Antonio, Serra "utiliza o ataque como a melhor forma de justificar a inoperância de seus primeiros cem dias de governo".
Integrantes do centrão, Milton Leite, líder do PMDB, diz achar "estranho" Serra criticar vereadores que está procurando para compor sua base de sustentação. "Há desinformação do prefeito quanto os propósitos do centrão."

Dívida
Serra entregou ao ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) propostas para melhorar o perfil da dívida do município com a União, em torno de R$ 30 bilhões. Ele quer reduzir a taxa de juros e também igualar o limite do endividamento ao dos Estados.
Ele pretende que a prefeitura use um crédito de R$ 350 milhões com a União para abater a dívida.


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