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TRÂNSITO
Em 30 dias, serão proibidas as operações de carga e descarga em grandes estabelecimentos comerciais durante o dia
Decreto de Serra atinge 3% dos caminhões
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, José
Serra (PSDB), assinou ontem um
decreto que proíbe as operações
de carga e descarga de caminhões
em grandes estabelecimentos comerciais durante o dia. O objetivo
principal é diminuir o trânsito, levando esses deslocamentos para o
período de 22h às 6h da manhã
nos dias de semana, quando o tráfego é menos intenso.
O decreto, que só valerá daqui a
30 dias, após ser regulamentado,
afeta shoppings centers, supermercados, hospitais, concessionárias, postos de combustível e
entrepostos e terminais atacadistas com área construída superior
a 20.000 m2.
A medida, no entanto, terá pouco efeito prático na redução dos
congestionamentos, pois atinge
apenas 3% da frota de 200 mil caminhões que circulam diariamente na cidade. Não afeta, por
exemplo, os veículos que "trancam" ruas e avenidas ao abastecer
bares, padarias, restaurantes e lojas de pequeno e médio porte.
A expectativa da prefeitura em
relação a melhorias no trânsito
também não leva em conta que a
maioria dos estabelecimentos
tem docas internas para os caminhões aguardarem sua vez de descarregar -logo são veículos que
hoje não causam tanto impacto.
"Regulamentar horários é uma
idéia antiga e que não basta por si
só. É essencial reduzir a presença
de caminhões estacionados nas
vias públicas para abastecer o comércio, inclusive os de menor
porte", diz o consultor em transportes Sérgio Sola, que foi gerente
de planejamento da CET nos anos
80. Para ele, mais importante do
que restringir horários é padronizar o tamanho dos caminhões na
região mais movimentada da cidade, optando pelos pequenos.
O decreto de Serra estabelece
ainda horários diferentes para
carga e descarga no sábado -das
14h às 0h. Aos domingos e feriados, não há restrições. Hoje, o horário para essas operações é livre
na maior parte da cidade.
A CET estima que 5.800 caminhões deixarão de circular durante o dia na cidade -3% do total.
"Não é a solução, mas é uma medida", afirmou o prefeito.
Segundo o secretário municipal
dos Transportes, Frederico Bussinger, as empresas terão de abrir
"entre 3.000 e 5.000 novos postos
de trabalho" para efetuar a carga e
descarga de noite. "A idéia é utilizar melhor a infra-estrutura viária
que temos instalada", afirmou.
O secretário insinuou que haverá multa para os estabelecimentos
que desrespeitarem o decreto.
Mas disse que os detalhes só serão
conhecidos daqui a 30 dias.
Já Serra defendeu a instituição
de penalidade para quem desrespeitar o decreto. "[Os shoppings]
são altissimamente lucrativos.
Não vejo problema para fazer essa
absorção [mão-de-obra extra para o período noturno] em função
dos interesses da coletividade."
O prefeito defendeu o fato de o
decreto não incluir os pequenos
estabelecimentos comerciais.
"Muitos não têm estrutura para
receber mercadorias de noite."
O Setcesp (sindicato das empresas de transporte de carga de São
Paulo) elogiou a medida. "Os caminhões terão maior produtividade ao circular de noite, sem
trânsito", afirmou o presidente da
entidade, Urubatan Helou.
Já na opinião do superintendente da Apas (Associação Paulista
de Supermercados), Carlos Corrêa, o efeito no trânsito "será pequeno se não incluir os pequenos
estabelecimentos". A associação
de shoppings e a de hospitais reclamam da falta de diálogo da
prefeitura.
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