São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rua no Jardim Pantanal volta a alagar

Após prefeitura retirar a bomba d'água que drenava o local, rua-símbolo das inundações do verão sofre nova enchente

Segundo o subprefeito da área, a bomba foi retirada para manutenção; base da Defesa Civil também não está mais no local

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ontem, de novo, a rua Capachós, no Jardim Pantanal (zona leste de São Paulo), encheu. Para quem não se lembra, a Capachós foi, durante dois meses, entre o final do ano passado e início deste, a rua-símbolo das inundações causadas pela ocupação desordenada da várzea do rio Tietê. Apareceu em todos os telejornais -intransitável, tomada por um caldo espesso de esgoto misturado a águas de chuva e de rio.
A prefeitura até já tinha conseguido resolver o problema. Instalou um caminhão munido de bomba d'água que sugava o líquido da rua e o lançava no leito do rio, a poucos metros de onde o calçamento termina.
Na quarta-feira passada, antes do feriado de Páscoa, caminhão e bomba foram retirados. Segundo o subprefeito de São Miguel Paulista, Milton Persoli, responsável pela área, "para que fosse feita manutenção".
Bastaram, contudo, 16 mm de chuva (média do Centro de Gerenciamento de Emergências até as 13h de ontem) para que a rua Capachós, de novo sem dragagem, voltasse a ser tomada pelas águas.
O dado novo em relação às cheias da virada do ano é que, agora, os 1.543 alunos do CEU Três Pontes, na mesma rua, não estão mais em férias. Às 18h15 de ontem, quando se encerraram as aulas, céu já escuro, viam-se pais e crianças em seus uniformes azuis tentando transpor o aguaceiro imundo.
A maioria dos alunos ganhou da prefeitura um caminho alternativo: a passarela de metal e madeirite com mais de 300 metros ligando a parte mais alta da rua Capachós à escola, passando pelo conjunto habitacional com prédios novinhos -moradores também usam a passarela para evitar as águas.
O problema é que, entre os alunos, há os que moram exatamente na área alagada da rua -para eles, a passarela é inútil.
Vicentina de Arruda, 38, uma mão segurando o guarda-chuva, a outra apertada em torno do pulso do sobrinho Pedro, 9, reclamou encolhida sobre uma pedra na calçada: "Isto aqui é água com cocô. A gente paga à Sabesp para ter água e esgoto, mas o esgoto está totalmente entupido."
No auge do drama das enchentes no Jardim Pantanal, a praça localizada na parte alta da rua Capachós tinha uma tenda da Defesa Civil, outra da PM e do Corpo de Bombeiros (em que se viam veículos anfíbios), uma barraca da Sabesp distribuindo água potável e até um trailer do Conselho Regional de Corretores de Imóveis, instalado lá a pretexto de ajudar as pessoas que quisessem sair da várzea do Tietê a encontrar um imóvel para alugar.
Desse aparato todo, ontem, só restava a base da PM. Segundo o subprefeito Miguel Persoli, "a empresa que fornece a bomba d'água garantiu que ainda nesta semana voltará a fazer a dragagem da rua".
Ontem, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) ofereceu ajuda ao Rio de Janeiro. Segundo Kassab, o auxílio poderá ser em mantimentos, equipamentos e até em funcionários da Defesa Civil. "A nossa equipe está bastante experiente", disse.


Colaborou MARCIO PINHO , da Reportagem Local


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Clima: Chuvas causam destruição no litoral de SP
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.