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RIO
Em greve há dois meses, docentes exigiam uma audiência com a governadora Benedita da Silva (PT), que não os recebeu
Professores invadem o Palácio Guanabara
DA SUCURSAL DO RIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Cerca de 500 professores estaduais invadiram na tarde de ontem o saguão de recepção do Palácio Guanabara, sede do governo
do Rio, em Laranjeiras (zona sul).
Em greve que completou dois
meses ontem, os professores exigiam uma audiência com a governadora Benedita da Silva (PT),
que se recusou a recebê-los.
Uma comissão de manifestantes foi recebida, no fim da tarde,
pelos secretários da Fazenda, do
Controle, da Administração e da
Educação.
Segundo o assessor de imprensa
do Sepe (Sindicato Estadual dos
Professores), Marcelo Mesquita, a
comissão assumiu compromisso
com a categoria de realizar uma
audiência com os professores na
próxima quinta-feira.
De acordo com ele, os secretários prometeram a presença de
Benedita no encontro. A promessa fez com que os professores decidissem encerrar a vigília no Palácio Guanabara. A categoria fará
nova assembléia na sexta-feira.
O Sepe, cuja diretoria é formada
por integrantes do PSTU e das
facções da esquerda petista, decidiu na quinta-feira passada promover manifestações públicas para pressionar Benedita, que assumiu o governo do Estado em 6 de
abril, quando Anthony Garotinho
(PSB) deixou o cargo para disputar a Presidência.
O sindicato acusa Benedita de
ter passado por cima das negociações com a categoria ao assinar
decreto que estipula o parcelamento em até 12 meses do pagamento do plano de cargos e salários. O Sepe reivindica o pagamento em quatro parcelas para
todas as categorias de docentes.
"Não há recursos para pagar o
que os professores estão pedindo", disse Benedita. "Faço um
apelo para que voltem às aulas."
A governadora afirmou que a
proposta do governo é a melhor
possível. "Mesmo que eu coloque
todo o Estado para conversar com
os professores não poderia fazer
uma proposta diferente da que já
foi apresentada. A solução que
encontramos é responsável dentro da realidade que o Estado vive", declarou a governadora.
O plano de cargos e salários foi
aprovado há cerca de dez anos pela Assembléia Legislativa, mas jamais foi colocado em prática.
O Sepe recorreu à Justiça e ganhou em última instância, no ano
passado. O governo Garotinho,
entretanto, não chegou a fazer o
pagamento.
Ontem, os protestos dos professores começaram de manhã, em
frente ao Palácio Laranjeiras, residência oficial da governadora. Os
manifestantes compartilharam
um "café da manhã" de 150 pães e
água. Depois, caminharam até o
Guanabara, no mesmo bairro.
O secretário estadual da Educação, William Campos, afirma que
a maioria dos professores apóia a
proposta do governo para o pagamento do plano de cargos e salários e diz que 60% dos 70 mil docentes já voltaram ao trabalho.
Os números são contestados
por Sérgio Aurnher, coordenador
do Sepe.
Segundo ele, o sindicato pode
pedir o adiamento da primeira
prova do vestibular da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) porque os alunos do ensino
público que cursam o terceiro ano
do segundo grau teriam seu desempenho prejudicado pelo movimento. A prova está marcada para 9 de junho.
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