São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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RIO

Em greve há dois meses, docentes exigiam uma audiência com a governadora Benedita da Silva (PT), que não os recebeu

Professores invadem o Palácio Guanabara

DA SUCURSAL DO RIO

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Cerca de 500 professores estaduais invadiram na tarde de ontem o saguão de recepção do Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, em Laranjeiras (zona sul).
Em greve que completou dois meses ontem, os professores exigiam uma audiência com a governadora Benedita da Silva (PT), que se recusou a recebê-los.
Uma comissão de manifestantes foi recebida, no fim da tarde, pelos secretários da Fazenda, do Controle, da Administração e da Educação.
Segundo o assessor de imprensa do Sepe (Sindicato Estadual dos Professores), Marcelo Mesquita, a comissão assumiu compromisso com a categoria de realizar uma audiência com os professores na próxima quinta-feira.
De acordo com ele, os secretários prometeram a presença de Benedita no encontro. A promessa fez com que os professores decidissem encerrar a vigília no Palácio Guanabara. A categoria fará nova assembléia na sexta-feira.
O Sepe, cuja diretoria é formada por integrantes do PSTU e das facções da esquerda petista, decidiu na quinta-feira passada promover manifestações públicas para pressionar Benedita, que assumiu o governo do Estado em 6 de abril, quando Anthony Garotinho (PSB) deixou o cargo para disputar a Presidência.
O sindicato acusa Benedita de ter passado por cima das negociações com a categoria ao assinar decreto que estipula o parcelamento em até 12 meses do pagamento do plano de cargos e salários. O Sepe reivindica o pagamento em quatro parcelas para todas as categorias de docentes.
"Não há recursos para pagar o que os professores estão pedindo", disse Benedita. "Faço um apelo para que voltem às aulas."
A governadora afirmou que a proposta do governo é a melhor possível. "Mesmo que eu coloque todo o Estado para conversar com os professores não poderia fazer uma proposta diferente da que já foi apresentada. A solução que encontramos é responsável dentro da realidade que o Estado vive", declarou a governadora.
O plano de cargos e salários foi aprovado há cerca de dez anos pela Assembléia Legislativa, mas jamais foi colocado em prática.
O Sepe recorreu à Justiça e ganhou em última instância, no ano passado. O governo Garotinho, entretanto, não chegou a fazer o pagamento.
Ontem, os protestos dos professores começaram de manhã, em frente ao Palácio Laranjeiras, residência oficial da governadora. Os manifestantes compartilharam um "café da manhã" de 150 pães e água. Depois, caminharam até o Guanabara, no mesmo bairro.
O secretário estadual da Educação, William Campos, afirma que a maioria dos professores apóia a proposta do governo para o pagamento do plano de cargos e salários e diz que 60% dos 70 mil docentes já voltaram ao trabalho.
Os números são contestados por Sérgio Aurnher, coordenador do Sepe.
Segundo ele, o sindicato pode pedir o adiamento da primeira prova do vestibular da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) porque os alunos do ensino público que cursam o terceiro ano do segundo grau teriam seu desempenho prejudicado pelo movimento. A prova está marcada para 9 de junho.



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