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EM PRETO-E-BRANCO
Prefeitura está passando para o computador fotos dos séculos 19 e 20
Memória fotográfica de São Paulo é digitalizada
Memória fotográfica de São Paulo é digitalizada
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O acervo fotográfico da divisão
de Iconografia do Departamento
de Patrimônio Histórico da prefeitura, um dos mais preciosos registros da cidade de São Paulo nos
séculos 19 e 20, começou a ser digitalizado. O trabalho teve início
em janeiro e, por enquanto, não
tem previsão para terminar.
A meta é transferir para um
banco de dados eletrônico 8.000
imagens consideradas de maior
risco de perda, registradas em suportes frágeis e suscetíveis a danos por oxidação ou fungos. Estão nessa categoria os negativos
de vidro e os de nitrato de celulose, ambos muito comuns no início do século passado, e as fotos
em papel, desgastadas pelo excesso de manuseio.
Feita no final de abril, a última
contagem enumerou cerca de mil
fotos digitalizadas. "Mas não significa que serão mil a cada três
meses. Queremos fazer um trabalho de qualidade. O ritmo de trabalho será definido com o tempo", afirmou o fotógrafo Michael
Robert Alves de Lima, há 28 anos
na divisão e coordenador da digitalização do acervo.
O trabalho é feito numa sala do
Solar da Marquesa de Santos, na
Sé (centro), sobrado neoclássico
que é o último remanescente da
arquitetura residencial urbana do
século 17. Manuseadas com luvas
de algodão, para não deixar impressão digital, as imagens são copiadas digitalmente para os computadores e tratadas em programas específicos.
Quatro pessoas desempenham
a tarefa. Cada um digitaliza dez
fotos por dia. As imagens, são, em
seguida, catalogadas no banco de
dados, que gradativamente substitui as amareladas fichas de papel
que organizam o arquivo.
O processo de digitalização começou a ser articulado em 2005,
quando a Divisão de Iconografia
obteve cerca de R$ 180 mil da
Fundação Vitae, que patrocina
projetos culturais. Com o dinheiro, o departamento comprou cinco computadores, cinco scanners,
os programas de digitalização e
promoveu treinamento dos funcionários. Contratou, ainda, uma
consultoria para assessorar na
compra dos equipamentos.
Segundo Alves de Lima, a intenção é digitalizar todo o acervo,
composto por cerca de 640 mil fotos reunidas a partir de 1935,
quando o escritor Mário de Andrade (1893-1945) criou o Departamento de Cultura de São Paulo.
Será a segunda etapa do trabalho,
iniciada assim que a transferência
das fotos de risco para o acervo
eletrônico terminar.
Em longo prazo, a divisão pretende permitir acesso ao material
via internet, de acordo com Carla
Milano, diretora da divisão de
Iconografia e Museus do DPH.
Não há estimativa, no entanto, da
data para que isso ocorra.
Acesso restrito
A poucos metros do Páteo do
Colégio, a primeira construção da
cidade de São Paulo, o acervo da
divisão iconográfica é, a julgar pelo baixo número de visitantes,
pouquíssimo conhecido da maioria dos paulistanos. Em março,
apenas 37 pessoas consultaram
cerca de 1.300 fotos do arquivo. O
público freqüentador é formado,
em geral, por pesquisadores, documentaristas, arquitetos, historiadores e funcionários da própria prefeitura. "Nem temos funcionários nem espaço físico para
atender mais do que atendemos
hoje", afirma Alves de Lima.
Com atividades culturais e exposições, e aberto aos finais de semana, o Solar da Marquesa de
Santos, a casa que abriga os registros, recebe visitação muito superior: foram cerca de 51 mil pessoas
em 2005.
"Acho que falta divulgação, até
para que o acervo fique em um lugar melhor", disse a técnica cinematográfica Nathália Rabczuk,
34, que, na última quinta-feira era
a única visitante do acervo.
Apertada em uma pequena mesa da sala de pesquisa, ela buscava
fotos da penitenciária do Estado e
da avenida Voluntários da Pátria
para um documentário de 26 minutos sobre a história do Jardim
São Paulo, bairro da região de
Santana, localizado na zona norte
de São Paulo.
Seção de Arquivo de Negativos. Onde:
rua Roberto Simonsen, 136-b, ao lado do
Páteo do Colégio, centro de SP. Aberto
para pesquisa gratuita de segunda a
sexta-feira, das 10h às 16h. Informações:
0/xx/ 11 3241-4238
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