São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006

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EM PRETO-E-BRANCO

Prefeitura está passando para o computador fotos dos séculos 19 e 20 Memória fotográfica de São Paulo é digitalizada

Memória fotográfica de São Paulo é digitalizada

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O acervo fotográfico da divisão de Iconografia do Departamento de Patrimônio Histórico da prefeitura, um dos mais preciosos registros da cidade de São Paulo nos séculos 19 e 20, começou a ser digitalizado. O trabalho teve início em janeiro e, por enquanto, não tem previsão para terminar.
A meta é transferir para um banco de dados eletrônico 8.000 imagens consideradas de maior risco de perda, registradas em suportes frágeis e suscetíveis a danos por oxidação ou fungos. Estão nessa categoria os negativos de vidro e os de nitrato de celulose, ambos muito comuns no início do século passado, e as fotos em papel, desgastadas pelo excesso de manuseio.
Feita no final de abril, a última contagem enumerou cerca de mil fotos digitalizadas. "Mas não significa que serão mil a cada três meses. Queremos fazer um trabalho de qualidade. O ritmo de trabalho será definido com o tempo", afirmou o fotógrafo Michael Robert Alves de Lima, há 28 anos na divisão e coordenador da digitalização do acervo.
O trabalho é feito numa sala do Solar da Marquesa de Santos, na Sé (centro), sobrado neoclássico que é o último remanescente da arquitetura residencial urbana do século 17. Manuseadas com luvas de algodão, para não deixar impressão digital, as imagens são copiadas digitalmente para os computadores e tratadas em programas específicos.
Quatro pessoas desempenham a tarefa. Cada um digitaliza dez fotos por dia. As imagens, são, em seguida, catalogadas no banco de dados, que gradativamente substitui as amareladas fichas de papel que organizam o arquivo.
O processo de digitalização começou a ser articulado em 2005, quando a Divisão de Iconografia obteve cerca de R$ 180 mil da Fundação Vitae, que patrocina projetos culturais. Com o dinheiro, o departamento comprou cinco computadores, cinco scanners, os programas de digitalização e promoveu treinamento dos funcionários. Contratou, ainda, uma consultoria para assessorar na compra dos equipamentos.
Segundo Alves de Lima, a intenção é digitalizar todo o acervo, composto por cerca de 640 mil fotos reunidas a partir de 1935, quando o escritor Mário de Andrade (1893-1945) criou o Departamento de Cultura de São Paulo. Será a segunda etapa do trabalho, iniciada assim que a transferência das fotos de risco para o acervo eletrônico terminar.
Em longo prazo, a divisão pretende permitir acesso ao material via internet, de acordo com Carla Milano, diretora da divisão de Iconografia e Museus do DPH. Não há estimativa, no entanto, da data para que isso ocorra.

Acesso restrito
A poucos metros do Páteo do Colégio, a primeira construção da cidade de São Paulo, o acervo da divisão iconográfica é, a julgar pelo baixo número de visitantes, pouquíssimo conhecido da maioria dos paulistanos. Em março, apenas 37 pessoas consultaram cerca de 1.300 fotos do arquivo. O público freqüentador é formado, em geral, por pesquisadores, documentaristas, arquitetos, historiadores e funcionários da própria prefeitura. "Nem temos funcionários nem espaço físico para atender mais do que atendemos hoje", afirma Alves de Lima.
Com atividades culturais e exposições, e aberto aos finais de semana, o Solar da Marquesa de Santos, a casa que abriga os registros, recebe visitação muito superior: foram cerca de 51 mil pessoas em 2005.
"Acho que falta divulgação, até para que o acervo fique em um lugar melhor", disse a técnica cinematográfica Nathália Rabczuk, 34, que, na última quinta-feira era a única visitante do acervo.
Apertada em uma pequena mesa da sala de pesquisa, ela buscava fotos da penitenciária do Estado e da avenida Voluntários da Pátria para um documentário de 26 minutos sobre a história do Jardim São Paulo, bairro da região de Santana, localizado na zona norte de São Paulo.

Seção de Arquivo de Negativos. Onde: rua Roberto Simonsen, 136-b, ao lado do Páteo do Colégio, centro de SP. Aberto para pesquisa gratuita de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h. Informações: 0/xx/ 11 3241-4238


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