São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2007

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Chegam a quatro os mortos em operação na Vila Cruzeiro

Estudante foi baleado na laje de casa; outras 12 pessoas foram atingidas durante tiroteio na favela, na zona norte

Incursão da polícia no local começou na quarta-feira e tem como meta prender os bandidos que mataram dois PMs na semana passada

André Az/Agência O Dia
Policial do Bope mira em direção à favela; um menino de três anos e sua mãe foram baleados


ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O confronto entre policiais e traficantes na favela Vila Cruzeiro, zona norte do Rio, resultou ontem na morte da primeira pessoa não envolvida na batalha. O estudante Vítor de Souza Euzébio, 21, morreu atingido por uma bala na laje de casa, ao subir para ver a marca de um tiro que havia atingido a caixa d'água minutos antes.
Outras 12 pessoas foram feridas em áreas localizadas na linha de tiro entre traficantes e policiais. Algumas estavam a caminho de um churrasco, outras no quarto ou, por exemplo, indo deixar o lixo na rua.
Euzébio é o quarto morto na operação que começou na quarta-feira. Além dele, um policial do Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM) e dois supostos bandidos morreram desde o início do confronto. O número de feridos chegou a 25 com os novos casos de ontem. A polícia apreendeu ontem 150 kg de maconha e uma carga de cocaína.
A incursão na favela do complexo do Alemão tem como objetivo prender os criminosos que assassinaram dois PMs na noite de terça-feira em Oswaldo Cruz (zona norte). Eles foram mortos na esquina em que o menino João Hélio, 6, começou a ser arrastado, em fevereiro deste ano.
Estudante do 2º ano do ensino médio, Euzébio foi morto com um tiro na nuca. Ele chegou a dar entrada no hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu e morreu em seguida.
A emergência do hospital ficou lotada com familiares de pessoas que haviam sido atingidas durante o confronto.
O confeiteiro Ricardo Alexandre da Silva, 31, já parecia resignado com a violência no local. Sua mulher, Eliene Santino, 35, e o filho, Ricardo Santino da Silva, 3, foram atingidos dentro do quarto da casa da família, no alto do morro da Chatuba, quando acabavam de acordar. Ele havia descido para trabalhar de manhã, quando a troca de tiros ainda não havia começado.
"As balas já entraram quatro vezes lá em casa. Sem contar as vezes em que bateram na parede, mas não passaram", contou. Eliene passou por uma cirurgia e não corria risco de morte, e o menino passava bem.
A caminho de um churrasco na casa da sogra, o porteiro Antônio Bernardo Gomes, 43, foi atingido no braço direito e no abdômen. Estava acompanhado da mulher e dos filhos. "Ele ainda pediu para gente ir embora, porque ele viria para o hospital sozinho", contou Maria Paulina Gomes, 34.
Segundo o técnico em eletrônica Franklin Barros, 20, o primo Elton Gomes Santos, 20, havia saído de casa para deixar o lixo na rua quando foi baleado. "Tem quatro, cinco caveirões [veículo blindado da PM] rondando a comunidade. É lógico que vai haver revide por parte dos traficantes", disse.
Depois de dois dias seguidos de tiroteios, o sábado havia sido mais tranqüilo na Vila Cruzeiro. Com trocas de tiros apenas à noite, a polícia retirou barricadas feitas por traficantes no acesso à favela.
O Bope utilizou um trator para retirar um barril cimentado ao asfalto. Na retirada, foi aberta uma cratera na pista.


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