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Ativistas temem bloqueios a novas drogas
DA REVISTA DA FOLHA
O que realmente preocupa
especialistas como Brook Baker, que acompanham a questão da propriedade intelectual
de medicamentos essenciais,
são ações como a que outro laboratório norte-americano, o
Abbott, tomou após as quebras
de patentes da Tailândia.
A empresa desistiu dos processos de registro de sete novas
drogas no mercado tailandês,
entre elas a versão termoestável (que não precisa de refrigeração) do remédio contra a
Aids Kaletra, batizada de Aluvia, melhoria essencial em países tropicais e em desenvolvimento como a Tailândia.
Tanto o Kaletra quanto o
Aluvia são drogas utilizadas
quando o paciente HIV positivo já apresenta resistência a
outros medicamentos.
Ainda na lista de novos remédios que não serão lançados estão drogas contra a dor, antibióticos, remédios contra artrite e pressão alta, entre outros.
"A decisão da Abbott traz riscos à saúde pública mundial de
uma maneira sem precedentes", afirmou Baker.
"A farmacêutica está utilizando uma nova tática de proteção de patentes, enviando
uma mensagem poderosa a todos os países em desenvolvimento, de que eles não devem
utilizar mecanismos legais de
flexibilização de patentes."
A Abbott, que apontou desrespeito ao sistema de patentes
para justificar a decisão, tem
destacado que manteve as negociações de preços para a Tailândia, onde ofertou valores
menores em relação ao Kaletra
após a retaliação.
Ricos também usam
Em artigo divulgado na última sexta-feira na internet sobre o caso brasileiro de licenciamento compulsório, James
Love, conhecido ativista da
ONG CPTech, com sede em
Washington, destaca que também ricas e grandes empresas,
como Toyota e Microsoft, têm
buscado na Justiça dos EUA o
licenciamento compulsório para seu benefício.
Nesses casos, no entanto, diz
Love, somem os tradicionais
discursos contra países pobres
que quebram patentes, de que
estariam violando os direitos
de propriedade intelectual.
"Fora dos EUA, quando a
Tailândia ou o Brasil decidem
permitir o uso não voluntário
de uma patente, chamamos isso de "licenciamento compulsório" e falamos da falta de respeito à propriedade intelectual
em países em desenvolvimento. Mas, quando utilizamos isso, aqui, chamamos apenas de
"reformas" necessárias no sistema de patentes", resumiu Love.
(FL)
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