|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo financiará aula de cultura africana
Estados e municípios que incluírem história afro-brasileira no currículo escolar terão recurso extra do governo federal
Será lançado um plano para implementação de uma lei de 2003, que obriga estudo da participação dos negros na formação da sociedade
EDUARDO SCOLESE
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal dará recursos extras a Estados e municípios que se comprometerem
a incluir no currículo escolar o
tema da cultura e da história
afro-brasileira.
O compromisso virá pela
adesão ao plano de implementação de uma lei de 2003, a
10.639, que torna obrigatório
nas redes de ensino o estudo da
história africana e da participação dos negros na formação da
sociedade brasileira.
Editais para o financiamento
de cursos de formação e treinamento de professores nessa
área, por exemplo, serão abertos apenas aos prefeitos e governadores que assinarem o
plano federal.
Esse plano de implementação nada mais é do que uma
reação do governo à falta de interesse de prefeitos e governadores a cumprirem por vontade
própria a lei de 2003. Justamente por isso virá acompanhado de atrativos.
Além de dinheiro, alguns setores do governo defendem que
seja oferecido um bônus na
pontuação do Ideb (Índice de
Desenvolvimento da Educação
Básica, que considera a Prova
Brasil e dados de aprovação de
alunos) àqueles que confirmarem a adesão.
O Ideb possui um forte apelo
político, sendo usado em campanhas eleitorais tanto como
um instrumento de ataque como de propaganda, o que, na visão do governo, seria uma isca
para a adesão. Esse ponto, porém, ainda está em discussão.
Responsável pela área no Ministério da Educação, o secretário de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade,
André Lázaro, não quis se manifestar sobre o bônus porque o
plano ainda não foi finalizado.
Em entrevista anterior, ele
afirmou que é preciso ampliar a
implementação da lei, já que
sua aplicação vem ocorrendo
de forma bastante heterogênea, e, segundo ele, aparentemente pior na rede privada do
que na pública.
A adesão não será obrigatória. O plano será lançado neste
mês, numa parceria do Ministério da Educação e da Secretaria da Igualdade Racial da Presidência. Uma ideia é anunciá-lo em 13 de maio, dia no qual é
comemorada a abolição da escravatura no Brasil.
Ao aderir ao plano, Estados e
municípios não serão obrigados a criar disciplinas específicas sobre o tema étnico-racial
nas escolas. A temática terá de
ser incorporada em livros didáticos e paradidáticos e nas aulas
de história e geografia, por
exemplo, desde a educação infantil até o ensino médio.
Já a formação dos professores será modificada. Nos cursos
de graduação de pedagogia, será incentivada a criação de disciplinas sobre diversidade étnico-racial. "A nossa avaliação é
que as universidades ainda não
incorporaram de maneira decidida esses conteúdos na formação de professores", diz Lázaro.
Os já formados terão de passar por cursos de capacitação.
Isso já ocorreu com 30% dos diretores de escola e 25% dos docentes de escolas públicas, segundo pesquisa encomendada
pelo Ministério da Educação.
"O plano é importante para
que todos os alunos tenham a
compreensão da real contribuição africana nas suas vidas",
afirma Martvs da Chagas, subsecretário de Políticas de Ações
Afirmativas da Secretaria da
Igualdade Racial.
A temática passará ainda a
ser uma exigência obrigatória
nos editais de livros do Ministério da Educação.
Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Anticrime: Senado aprova veto a spray para menor de 18 anos Índice
|