São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Rio busca apoio privado para conter expansão de favelas

Prefeitura procura parcerias para instalar escritórios com engenheiros em comunidades para fiscalizar as moradias

Para coordenadora do projeto, "morador sabe que regularizar e manter a comunidade controlada é benéfico para ele"


ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A Secretaria Municipal de Urbanismo do Rio busca apoio privado para financiar a instalação de escritórios em favelas para engenheiros e arquitetos trabalharem orientando a construção de novas moradias ou a ampliação das existentes.
A intenção é também fiscalizar e identificar no início obras irregulares, evitando a expansão das comunidades.
A prefeitura já possui estruturas como essas -chamadas de Pousos (Postos de Orientação Urbanística e Social)- em 33 favelas, atendendo a 62. Mas diz não ter verba para contratar profissionais e manter um espaço para cobrir as 968 comunidades da capital.
O apoio da iniciativa privada teria duas vertentes. Numa, seriam realizados convênios com universidades e entidades de classes para que cedessem alunos ou profissionais para trabalharem nos Pousos. Essas instituições arcariam com bolsas ou salários dos profissionais.
De outro lado, associações de moradores, comerciantes e empresários poderiam se juntar para custear a manutenção dos escritórios em uma ou mais favelas vizinhas. A Procuradoria Geral do Município prepara o formato jurídico da celebração dos convênios.
"Um grupo de pessoas que estiver preocupado com o crescimento de alguma favela em seu bairro poderia procurar um supermercado, uma farmácia da área para buscar verbas para instalar um Pouso no local", diz Tânia Castro, coordenadora-geral de orientação e regularização urbanística da secretaria.
Segundo dados da secretaria, um posto completo custa por mês R$ 9.750 (R$ 2.150 de custeio e R$ 7.600 com salários). Um Pouso pode atender a mais de uma favela. A prefeitura quer instalar neste ano 50 escritórios, ao custo extra de R$ 5,85 milhões ao ano. O orçamento total da secretaria para 2009 é de R$ 40,4 milhões.
Os profissionais de nível superior do posto (engenheiro, arquiteto e assistente social) têm como atribuição orientar moradores sobre o que pode ou não ser feito na comunidade. Eles podem autorizar a ampliação ou a construção de residências, bem como notificar responsáveis por irregularidades.
Para a prefeitura, o Pouso consegue evitar a expansão vertical e horizontal das favelas. De acordo com dados do Instituto Pereira Passos, a área ocupada pelas comunidades cresceu apenas 1,2% entre 1999 e 2008 com o serviço. No mesmo período, as áreas que não contam com os escritórios se expandiram 7,5% -a média nas favelas na capital é de 6,9%.
O controle de favelas gerou polêmica nas últimas semanas com a iniciativa do governo do Estado de construir muros em torno de 13 favelas da cidade, ao custo previsto de R$ 40 milhões. Especialistas apontam a orientação e a fiscalização como o melhor caminho.
"O morador de favelas sabe que regularizar e manter a comunidade controlada é benéfico para ele. O valor da casa aumenta, e ele passa a viver num ambiente salubre", diz Castro.
Mas os engenheiros e arquitetos sofrem com a falta de regras urbanísticas claras para essas regiões. Só 23 das 968 favelas possuem parâmetros definidos. Cerca de 200 têm seus limites traçados, o que já permite a ação dos profissionais.


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