São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Hospital atende a crianças no corredor

Hospital Municipal do Campo Limpo ainda improvisa UTI na emergência e deixa idosos e gestantes horas em pé à espera de raio-X

Vistoria da Comissão da Saúde da Câmara flagrou cenas; este é o 2º hospital administrado pela gestão Gilberto Kassab a apresentar problemas


GABRIELA GASPARIN
DO "AGORA"

Crianças virando a noite em macas nos corredores, UTI (Unidade de Terapia Intensiva) improvisada na sala de emergência por falta de leitos, idosos, crianças e gestantes em pé por horas à espera de raio-X, equipamentos parados, quebrados há um ano.
As cenas são do Hospital Municipal do Campo Limpo, referência na zona sul de São Paulo por ser a única unidade da prefeitura com atendimento 24 horas para uma população de pelo menos 1 milhão de pessoas -principalmente dos distritos de Capão Redondo, Campo Limpo, Jardim Ângela e Jardim São Luiz.
O hospital, que também é o único com atendimento emergencial psiquiátrico na região, atende ainda pacientes das demais regiões da capital e até de outros municípios.
A Comissão da Saúde da Câmara Municipal esteve ontem no local, em vistoria que permitiu à reportagem presenciar o cenário. É o segundo hospital que apresenta problemas nas inspeções. O primeiro foi o do Tatuapé, na zona leste.
Ambos são administrados pela gestão Gilberto Kassab (DEM) -que, em sua campanha para reeleição, disse ter melhorado a saúde municipal e usou a inauguração de unidades de saúde como trunfo para bater Marta Suplicy (PT).
Mães dizem ter passado a noite com os filhos em macas no corredor porque não havia leitos na pediatria. "Cheguei às 7h30 de ontem [anteontem]. Meu filho caiu na creche", disse Jamile dos Santos Silva, 19.
Pacientes em estado grave, com quadro para estarem na UTI, permaneciam na sala de emergência. Um deles era Euclides Sebastião de Brito, 67.
Até a tarde de ontem, o aposentado estava havia dois dias entubado e em coma na sala, como disse o filho Marcos Sebastião de Brito, 32. "Os médicos não me disseram por que ele não foi levado à UTI", disse.
No pronto-socorro, pacientes reclamavam da falta de ortopedistas de plantão -a unidade é referência em traumas (ferimentos causados por acidentes). Na AMA (Assistência Médica Ambulatorial), pacientes que tinham chegado às 8h30 começavam a ser chamados para triagem às 10h30.

Equipamentos
Nos últimos três anos, o hospital abriu mão de ter à disposição um aparelho de ressonância magnética, com valor estimado em US$ 700 mil (cerca de R$ 1,5 milhão), por não terminar a construção de uma sala para abrigá-lo. O contrato com a empresa de diagnóstico por imagem acabou no início do ano e a obra, que já consumiu R$ 500 mil, não ficou pronta.
Além disso, um dos dois aparelhos de tomografia do hospital está quebrado há um ano.


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