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Hospital atende a crianças no corredor
Hospital Municipal do Campo Limpo ainda improvisa UTI na emergência e deixa idosos e gestantes horas em pé à espera de raio-X
Vistoria da Comissão da Saúde da Câmara flagrou cenas; este é o 2º hospital administrado pela gestão Gilberto Kassab a apresentar problemas
GABRIELA GASPARIN
DO "AGORA"
Crianças virando a noite em
macas nos corredores, UTI
(Unidade de Terapia Intensiva)
improvisada na sala de emergência por falta de leitos, idosos, crianças e gestantes em pé
por horas à espera de raio-X,
equipamentos parados, quebrados há um ano.
As cenas são do Hospital Municipal do Campo Limpo, referência na zona sul de São Paulo
por ser a única unidade da prefeitura com atendimento 24
horas para uma população de
pelo menos 1 milhão de pessoas
-principalmente dos distritos
de Capão Redondo, Campo
Limpo, Jardim Ângela e Jardim São Luiz.
O hospital, que também é o
único com atendimento emergencial psiquiátrico na região,
atende ainda pacientes das demais regiões da capital e até de
outros municípios.
A Comissão da Saúde da Câmara Municipal esteve ontem
no local, em vistoria que permitiu à reportagem presenciar o
cenário. É o segundo hospital
que apresenta problemas nas
inspeções. O primeiro foi o do
Tatuapé, na zona leste.
Ambos são administrados
pela gestão Gilberto Kassab
(DEM) -que, em sua campanha para reeleição, disse ter
melhorado a saúde municipal e
usou a inauguração de unidades de saúde como trunfo para
bater Marta Suplicy (PT).
Mães dizem ter passado a
noite com os filhos em macas
no corredor porque não havia
leitos na pediatria. "Cheguei às
7h30 de ontem [anteontem].
Meu filho caiu na creche", disse
Jamile dos Santos Silva, 19.
Pacientes em estado grave,
com quadro para estarem na
UTI, permaneciam na sala de
emergência. Um deles era Euclides Sebastião de Brito, 67.
Até a tarde de ontem, o aposentado estava havia dois dias
entubado e em coma na sala,
como disse o filho Marcos Sebastião de Brito, 32. "Os médicos não me disseram por que
ele não foi levado à UTI", disse.
No pronto-socorro, pacientes reclamavam da falta de ortopedistas de plantão -a unidade é referência em traumas
(ferimentos causados por acidentes). Na AMA (Assistência
Médica Ambulatorial), pacientes que tinham chegado às
8h30 começavam a ser chamados para triagem às 10h30.
Equipamentos
Nos últimos três anos, o hospital abriu mão de ter à disposição um aparelho de ressonância magnética, com valor estimado em US$ 700 mil (cerca de
R$ 1,5 milhão), por não terminar a construção de uma sala
para abrigá-lo. O contrato com
a empresa de diagnóstico por
imagem acabou no início do
ano e a obra, que já consumiu
R$ 500 mil, não ficou pronta.
Além disso, um dos dois aparelhos de tomografia do hospital está quebrado há um ano.
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