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Armas não letais são vendidas ilegalmente
Em lojas de SP ou na internet, é possível comprar armamentos de uso restrito à polícia e a empresas de segurança
Por lei, quem quiser comprar
bastão elétrico, arma de
choque e lançador de dardos
elétricos deve procurar o
fabricante ou o importador
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
O segurança de uma loja no
centro de São Paulo anda de um
lado para o outro com seu bastão elétrico. Se ele trabalhasse
em uma empresa certificada e
passasse por um curso específico, poderia usar a arma, que dá
choques e deixa a vítima desorientada por alguns segundos.
Ocorre que o trabalho como
vigilante é apenas um "bico" e a
arma foi comprada ilegalmente
pela internet. "Nunca dei choque em ninguém. Mas, se precisar, é só apertar este botão",
afirma ele, demonstrando como funciona o aparelho.
Assim como esse segurança,
qualquer pessoa pode ter acesso a armas não letais.
Na internet ou no comércio
de São Paulo, é fácil encontrar
três produtos que dão choque e
deixam a pessoa desacordada: o
bastão elétrico, a arma de choque e o taser -um lançador de
dardos elétricos.
"O choque não é tão forte,
mas, se for dado do peito para
cima, pode derrubar uma pessoa e deixá-la desacordada", diz
o vendedor de uma loja no centro, mostrando o aparelho. Em
seu estabelecimento, a arma
custa R$ 90.
Uso restrito
Conforme a legislação, só podem comprar essas armas as
forças policiais e as empresas
de segurança privada.
Além disso, a lei proíbe a comercialização em lojas especializadas. Quem quiser comprá-las deve procurar o próprio fabricante ou o importador do
produto.
Por isso, nas lojas paulistanas, elas não ficam expostas em
vitrines, mas em armários distantes do público. Nesta semana, a reportagem da Folha encontrou duas lojas no centro da
cidade de São Paulo que comercializam as armas de choque e o bastão elétrico.
Na internet, as vendas são
realizadas em diversos sites. O
pagamento pode ser feito por
boleto bancário ou dividido em
12 vezes no cartão de crédito.
Treinamento
Desde o ano passado, só podem usar esse tipo de armamento os seguranças que forem
treinados em cursos que tenham autorização da Polícia
Federal.
Segundo Renato Souza, gerente de negócios da Provig,
uma escola de treinamento de
vigilantes, existe um aumento
na procura desses cursos, mas
ainda há quem utilize as armas
sem conhecimento, o que traz
mais riscos para as vítimas.
"Qualquer arma não letal que
for utilizada de maneira errada
pode se tornar letal. Só pode
usar essas armas de choque
quem passa por um treinamento específico", diz o gerente.
A responsabilidade de fiscalizar a venda desses produtos é
do Exército.
Questionada sobre quantas
empresas estão credenciadas
para vender as armas e sobre a
quantidade de punições aplicadas nesse ano, a instituição afirmou que não conseguiria concluir o levantamento das informações até o fim da tarde de
ontem.
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