São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Armas não letais são vendidas ilegalmente

Em lojas de SP ou na internet, é possível comprar armamentos de uso restrito à polícia e a empresas de segurança

Por lei, quem quiser comprar bastão elétrico, arma de choque e lançador de dardos elétricos deve procurar o fabricante ou o importador

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

O segurança de uma loja no centro de São Paulo anda de um lado para o outro com seu bastão elétrico. Se ele trabalhasse em uma empresa certificada e passasse por um curso específico, poderia usar a arma, que dá choques e deixa a vítima desorientada por alguns segundos.
Ocorre que o trabalho como vigilante é apenas um "bico" e a arma foi comprada ilegalmente pela internet. "Nunca dei choque em ninguém. Mas, se precisar, é só apertar este botão", afirma ele, demonstrando como funciona o aparelho.
Assim como esse segurança, qualquer pessoa pode ter acesso a armas não letais.
Na internet ou no comércio de São Paulo, é fácil encontrar três produtos que dão choque e deixam a pessoa desacordada: o bastão elétrico, a arma de choque e o taser -um lançador de dardos elétricos.
"O choque não é tão forte, mas, se for dado do peito para cima, pode derrubar uma pessoa e deixá-la desacordada", diz o vendedor de uma loja no centro, mostrando o aparelho. Em seu estabelecimento, a arma custa R$ 90.

Uso restrito
Conforme a legislação, só podem comprar essas armas as forças policiais e as empresas de segurança privada.
Além disso, a lei proíbe a comercialização em lojas especializadas. Quem quiser comprá-las deve procurar o próprio fabricante ou o importador do produto.
Por isso, nas lojas paulistanas, elas não ficam expostas em vitrines, mas em armários distantes do público. Nesta semana, a reportagem da Folha encontrou duas lojas no centro da cidade de São Paulo que comercializam as armas de choque e o bastão elétrico.
Na internet, as vendas são realizadas em diversos sites. O pagamento pode ser feito por boleto bancário ou dividido em 12 vezes no cartão de crédito.

Treinamento
Desde o ano passado, só podem usar esse tipo de armamento os seguranças que forem treinados em cursos que tenham autorização da Polícia Federal.
Segundo Renato Souza, gerente de negócios da Provig, uma escola de treinamento de vigilantes, existe um aumento na procura desses cursos, mas ainda há quem utilize as armas sem conhecimento, o que traz mais riscos para as vítimas.
"Qualquer arma não letal que for utilizada de maneira errada pode se tornar letal. Só pode usar essas armas de choque quem passa por um treinamento específico", diz o gerente.
A responsabilidade de fiscalizar a venda desses produtos é do Exército.
Questionada sobre quantas empresas estão credenciadas para vender as armas e sobre a quantidade de punições aplicadas nesse ano, a instituição afirmou que não conseguiria concluir o levantamento das informações até o fim da tarde de ontem.


Texto Anterior: Faculdade de Direito: Procuradoria solicita que acervo da USP volte para antigo prédio
Próximo Texto: Violência: Segurança atira em dois clientes em porta de banco
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.