São Paulo, sábado, 07 de maio de 2011

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Projetos pró-gays caducam e Congresso ensaia autocrítica

Após STF garantir direitos a casais homossexuais, líderes falam em "paralisia"

Desde 1995, Congresso produziu dezenas de propostas sobre o tema; decisão sobre união estável, agora, é inócua


GABRIELA GUERREIRO
LARISSA GUIMARÃES

DE BRASÍLIA

O Congresso produziu mais de 20 projetos em defesa de homossexuais nos últimos 16 anos, mas o lento ritmo de tramitação das matérias, aliado a impasses políticos, barrou todas elas.
No vácuo legislativo, o Supremo Tribunal Federal decidiu anteontem em favor da união estável de casais gays.
Mas, como a Constituição prevê essa união entre "homens e mulheres", deputados e senadores dizem que seria prerrogativa do Congresso aprovar emenda constitucional para modificá-la.
"O Supremo fez uma atualização da lei que o Congresso se recusou a fazer. Mais uma vez o Congresso foi atropelado, ficou para trás e fica pequeno do tamanho que está", diz o líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO).
"A recusa em decidir um assunto de interesse nacional levou a questão ao Supremo", diz o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP). "O Congresso dormiu no ponto."
Para o deputado Duarte Nogueira (SP), líder do PSDB, há "lacunas na legislação" em consequência da paralisia do Legislativo. "O Congresso está atolado por medidas provisórias e demandas do Poder Executivo. Com isso, foge de temas nacionais."
Com a decisão do Supremo, qualquer projeto que venha a ser aprovado no Congresso relacionado à união estável de homossexuais se torna inócuo, já que a decisão foi tomada pela instância máxima do Poder Judiciário.
"O Congresso não pode modificar decisões dessa natureza porque foram tomadas pela Suprema Corte, a guardiã da Constituição", afirma o advogado constitucionalista Erick Pereira.
Existem 26 projetos relacionados a gays em tramitação -três contrários à união estável, à adoção de crianças ou ao casamento civil.
O primeiro chegou ao Legislativo em 1995. Desde então, muitos deles já foram arquivados por inatividade.
O projeto que criminaliza a homofobia chegou ao Senado em 2008, após tramitar por três anos na Câmara. Como o tema divide parlamentares, não houve avanço.
A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) apresentou ontem pedido de urgência para acelerar a matéria.

FORÇAS ARMADAS
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que os direitos de militares gays em união estável serão garantidos pelas Forças Armadas, como no caso de pensão em caso de morte.


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