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Salvador tem escola e bloco só para negros
da Agência Folha, em Salvador
Os negros da Bahia, que reivindicam na Justiça cotas de participação no mercado publicitário, administram em Salvador uma escola e um bloco de Carnaval nos
quais a participação dos brancos é
proibida.
Fundado há 23 anos, o bloco afro
Ilê-Ayiê é um dos mais tradicionais da Bahia.
O presidente do Ilê, Antonio
Carlos dos Santos, 44, disse que a
decisão do bloco de não aceitar
brancos entre seus associados é
uma resposta à discriminação sofrida pelos negros.
"Durante o Carnaval nós provamos que os negros não servem
apenas para segurar cordas para os
blocos de elite", afirmou Santos.
No Carnaval baiano, os foliões
que compram abadás (fantasias)
brincam isolados por cordas e seguranças.
Cerca de 80% dos seguranças
contratados pelos blocos e trios
elétricos são negros.
Antonio Carlos dos Santos disse
também que somente a pressão
por parte dos movimentos negros
pode acabar com a discriminação
no Brasil.
"É lamentável que, em pleno final do século 20, os negros ainda
tenham que lutar e sofrer muito
para conquistar direitos elementares", disse.
Escola para negros
Nos Barris (centro da capital)
funciona a escola Steve Biko, uma
cooperativa educacional que oferece cursinho pré-vestibular apenas para estudantes negros, com
renda máxima de três salários mínimos.
"A escola não rejeita os brancos,
mas optou preferencialmente em
trabalhar com os negros", disse a
coordenadora executiva da Steve
Biko, Maria Durvalina Cerqueira,
28.
Desde que iniciou suas atividades, há cinco anos, a Steve Biko
nunca teve um branco entre seus
alunos matriculados.
Para se inscrever na escola, os
negros pagam R$ 5. A mensalidade
foi fixada em 40% do salário mínimo (atualmente R$ 48).
Nos cursinhos mais tradicionais
de Salvador a mensalidade varia de
R$ 150 a R$ 250.
Dados da Steve Biko revelam que
70 dos 320 negros que frequentaram o cursinho foram aprovados
no vestibular.
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