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SEGURANÇA
Nove detentas e uma agente penitenciária ficaram feridas na Casa de Custódia de Magé após invasão da polícia
Presa é morta durante nova rebelião no Rio
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Uma presa morreu baleada no
peito e dez pessoas ficaram feridas na rebelião iniciada na Casa
de Custódia de Magé (a 60 km do
Rio) após uma tentativa de fuga,
anteontem à noite. Os feridos são
uma agente penitenciária e nove
presas -uma com risco de morte. A unidade abriga mulheres à
espera de julgamento.
A rebelião em Magé foi a terceira em oito dias na região metropolitana do Rio. No fim de semana passado, um motim na Casa de
Custódia de Benfica (zona norte)
terminou, depois de 61 horas,
com pelo menos 31 mortos. Anteontem, no complexo Frei Caneca (região central), dez presos ficaram feridos em uma rebelião.
Segundo a Secretaria Estadual
de Administração Penitenciária, o
motim em Magé começou por
volta das 20h, quando 12 presas
tentaram fugir. Com "estoques"
(facas artesanais), elas renderam
três agentes penitenciários.
A fuga foi impedida por agentes
do SOE (Serviço de Operações
Externas) da secretaria e por policiais militares que faziam a segurança externa da unidade.
As presas mantiveram os agentes reféns. Houve uma tentativa
de negociação malsucedida. A autorização para que PMs do Batalhão de Choque invadissem a casa
foi dada pelo secretário Astério
Pereira dos Santos, ao ser informado de que as presas tinham envolvido um agente em um colchonete encharcado com acetona,
ameaçando incendiá-lo.
Os PMs e os agentes do SOE atiraram contra as presas e retomaram o controle da cadeia por volta
das 22h30. O secretário afirmou,
por meio de nota, que, "sempre
que houver de forma indubitável
o risco iminente de morte de reféns", haverá "intervenção imediata". Segundo ele, "a experiência mostra que a rapidez nas ações
é o modo mais eficaz de conter
tentativas de rebeliões".
Segundo o vice-presidente do
Sindicato dos Agentes Penitenciários, Gutembergue Lúcio de Oliveira, os policiais usaram munição real, e não balas de borracha,
como informou a Secretaria de
Administração Penitenciária. Os
agentes de Magé não aderiram à
greve estabelecida desde sábado.
A presa Aline Maria Cesário
morreu baleada no peito. Atingidas por tiros e estilhaços de bombas de gás, nove presas foram levadas para hospitais. Ontem à tarde, quatro estavam internadas.
Segundo o Estado, uma presa,
baleada na cabeça, corre risco de
morte. Há 412 presas na casa de
Magé, que tem 500 vagas. Segundo a secretaria, a rebelião ficou
restrita a uma cela, com 50 presas.
Falta de preparo
O presidente da ONG Conselho
da Comunidade, Marcelo Freixo,
disse que a rebelião em Magé
mostra que o Estado não está preparado para agir nesses casos.
"Os policiais que invadiram o
local não estavam usando o material adequado para esse tipo de
ação. Uma presa foi morta por bala disparada de arma letal, que
não deve ser usada nessa situação.
O governo mais uma vez agiu de
forma desastrosa, sem planejamento e sem respeitar leis."
Para ele, as negociações foram
conduzidas de forma inadequada:
"O Bope [Batalhão de Operações
Especiais da PM] mantém um
grupo treinado de negociadores,
que não foram chamados".
Freixo criticou ainda intervenções quando houver riscos para
reféns. "A secretaria precisa
aprender a diferença entre uso da
força e abuso da força."
Colaborou Antônio Gois, da Sucursal do
Rio
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