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Criança de 4 anos trabalha com faca em casa de farinha
Fiscalização do Ministério do Trabalho fez blitz anteontem no Rio Grande do Norte; atividade é proibida para menores de 18 anos
PABLO SOLANO
DA AGÊNCIA FOLHA
O Ministério do Trabalho e
Emprego localizou anteontem
oito crianças -de quatro, cinco
e seis anos- e adolescentes
usando facas para ralar mandioca em uma casa de farinha
do município de Passa e Fica
(107 km de Natal).
A fiscalização encontrou ainda, em uma outra casa, uma
adolescente ajudando os pais
na atividade.
A auditora fiscal Marinalva
Cardoso Dantas participou da
ação que visitou as duas casas
de farinha -instalações industriais rústicas onde é produzida
a farinha de mandioca.
A fiscalização encontrou nos
locais "fumaça, ruídos altíssimos e calor insuportável".
Trabalho proibido
Em virtude do ambiente insalubre, as casas de farinha estão na lista dos 81 locais em que
é proibido o trabalho de menores de 18 anos.
Os longos períodos em que as
crianças permanecem sentadas
ralando mandioca, afirma Dantas, favorecem o surgimento
precoce de lesões por esforço
repetitivo, já que elas chegam a
ralar "meia tonelada por dia".
As crianças e adolescentes,
de acordo com a auditora, não
tinham equipamentos de proteção. Ela afirma que as famílias consideram algo comum a
presença dos menores de 18
anos nas casas de farinha.
"Muitos pais disseram que trabalham [no descascamento]
desde a infância."
A reportagem conseguiu falar com José Barnabé da Silva,
dono da casa onde a fiscalização encontrou uma adolescente trabalhando. Ele afirmou
que a adolescente trabalhou
por insistência da mãe, uma
prima dele.
Relatório sobre a ação será
enviado a programas sociais
para que as crianças sejam impedidas de voltar ao trabalho.
Olarias
Outra fiscalização do ministério encontrou ontem trabalho de adolescentes em olarias
da região de Penápolis (479 km
de São Paulo). A atividade também tem restrição total para
menores de 18 anos.
Três adolescentes foram encontrados em uma das olarias.
Dois garotos trabalhavam com
fornos, e uma menina de 13
anos, com moldes dos tijolos.
O auditor fiscal retornará em
cerca de dez dias para checar se
os jovens foram efetivamente
afastados do trabalho.
A reportagem não conseguiu
entrar em contato ontem com
os donos da olaria e da outra casa de farinhas.
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