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Menos cor no arco-íris
Em ano eleitoral, Parada Gay evitou colorido para defender projeto que torna homofobia crime; nenhum pré-candidato à Presidência apareceu
Danilo Verga/Folhapress
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Público reunido na avenida Paulista ontem, durante a parada gay; o evento foi, a pedido da organização, menos colorido
RICARDO WESTIN
MÁRCIO PINHO
DE SÃO PAULO
Neste ano, a Parada Gay de
São Paulo foi menos colorida
que o habitual.
Encontrar as tradicionais
bandeiras do arco-íris não foi
tarefa fácil. As espalhafatosas drag queens estavam lá,
porém em número escasso.
Pessoas fantasiadas -cueca de couro, peruca Tina Turner ou roupa apertada de oncinha- também eram vistas
apenas aqui e acolá.
Não que a 14ª edição da
Parada Gay tenha sido esvaziada ou desanimada.
Pelos cálculos dos organizadores, 3,5 milhões de pessoas encheram a avenida
Paulista e a rua da Consolação dançando atrás de trios
elétricos -400 mil a mais
que no ano passado. A Polícia Militar não fez contagem.
Neste ano, a organização
decidiu que os trios seriam
monocromáticos. E pediu a
gays, lésbicas, bissexuais,
travestis, transexuais, simpatizantes e curiosos que
comparecessem sem cor.
Observada do alto, a marcha do orgulho gay poderia
ser confundida com micareta
ou festa de Ano Novo.
"Não deveríamos esconder a bandeira. É a nossa
marca", reclamava a drag
queen Samara Rios, 28, luxuosamente vestida como a
Rainha Vermelha de "Alice
no País das Maravilhas".
A razão da falta de cor foi
política. A parada quer que
os pré-candidatos à Presidência da República se comprometam com um projeto
de lei, em tramitação no Congresso, que transforma a homofobia em crime, da mesma
maneira que o racismo.
"Gente, vamos votar num
candidato que apoie nossa
luta", discursou um militante num dos trios elétricos.
Nenhum dos principais
pré-candidatos apareceu.
Quem foi à festa creditou a
falta de plumas e paetês ao
excesso de "simpatizantes".
"Cheguei na menina, e ela
disse que gosta de homem",
queixava-se a atendente de
bar Marisol Dionísio, 22.
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