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CRIME EM PERDIZES
Filho de empresário morto alugava salas no mesmo edifício; perícia não confirma se foi Gil quem usou a pistola
Arma achada em prédio matou casal Rugai
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A arma encontrada há cerca de
dez dias em um prédio nos Jardins (zona oeste da capital paulista) foi a utilizada no assassinato
de Luiz Rugai e sua mulher, Alessandra, em março de 2004. A polícia apresentou ontem a perícia
que confirmou o fato.
Gil Rugai, filho de Luiz, alugava
salas no edifício na época do crime. O estudante, que está preso
desde 2004, é acusado de ter cometido o assassinato.
A perícia comparou balas encontradas no local do crime com
outras disparadas durante o teste
pela pistola recém-localizada.
Chegou-se à conclusão de que os
picotes (deformação no projétil)
eram idênticos. Segundo a polícia,
o exame tem 100% de confiança.
A arma, o laudo e os projéteis
serão encaminhados agora ao Ministério Público.
O delegado que investiga o caso,
Mauro Argachoff, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse que a confirmação é "mais uma peça no quebra-cabeça" e "fecha uma cadeia
de investigação".
Não foi possível reconhecer as
impressões digitais no artefato
-uma pistola 380- devido ao
tempo em que ele ficou submerso
na caixa de águas pluviais do prédio, onde foi encontrado.
"Se essa perícia tivesse dado negativo, não mudaria nada", diz o
delegado. "Tudo aquilo que angariamos antes nos dá a certeza de
que ele [Gil] foi o autor."
Um dos principais indícios que
levaram o estudante à prisão foi
uma nota fiscal encontrada no
quarto do rapaz, em nome dele,
de um coldre para pistolas 380,
mesmo tipo usado no assassinato.
A arma encontrada no prédio
nos Jardins foi roubada em 2001
de um agropecuarista do interior
do Paraná, cujo nome não foi divulgado pela polícia.
A caixa de águas pluviais onde a
arma foi encontrada fica dentro
da garagem do prédio. Segundo a
polícia, o acesso ao local é restrito,
o que aumenta a suspeita de que
foi Gil quem colocou a pistola lá
-uma vez que ele alugava salas
no edifício. Na época, não havia
sistema de circuito interno de TV.
O zelador do condomínio Office
Michelângelo, Carlos Assis, foi
quem achou a arma, enquanto fazia a limpeza da caixa. Ele contou
com a ajuda de um carroceiro.
Gil confirmou em depoimentos
anteriores que esteve naquele prédio, onde era a sede de sua empresa -a KTM Comunicações-, na
noite do crime.
O advogado de Gil, Fernando da
Costa, não telefonou de volta após
pedidos de entrevista feitos ontem pela reportagem. Quando a
arma foi encontrada, ele disse que
o artefato deveria ter sido colocado no local pelo "verdadeiro" assassino, para incriminar seu
cliente. Costa declarou também
que perícias incluídas no processo
indicam que Gil é inocente.
O crime
O empresário Luiz Rugai e sua
mulher Alessandra foram mortos
em casa, em Perdizes (zona oeste). Um laudo do IC (Instituto de
Criminalística) afirma que Gil arrombou a porta de um dos cômodos da casa de seu pai com um
chute momentos antes do horário
estimado da morte de Luiz.
Além disso, o vigia da rua afirmou que viu Gil sair da casa,
acompanhado por outra pessoa,
logo após ouvir os tiros que mataram o casal. A polícia declarou
ontem que não tem pistas desse
segundo envolvido.
Em junho de 2004, o Tribunal
de Justiça (TJ) negou habeas corpus para que o acusado respondesse ao processo em liberdade.
Gil está preso desde abril.
No final do mês passado, a Justiça de São Paulo determinou a
quebra do sigilo no processo contra o estudante Gil Rugai, que havia sido pedido pela defesa.
O sigilo processual havia sido
decretado a pedido dos advogados do estudante. No entanto, o
juiz Cassiano Ricardo Zorze Rocha, do 5º Tribunal do Júri, aceitou as alegações da promotora
Mildred de Assis Gonzales de que
os próprios defensores do acusado descumpriram a ordem.
Colaborou a Folha Online
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