São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2005

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CRIME EM PERDIZES

Filho de empresário morto alugava salas no mesmo edifício; perícia não confirma se foi Gil quem usou a pistola

Arma achada em prédio matou casal Rugai

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A arma encontrada há cerca de dez dias em um prédio nos Jardins (zona oeste da capital paulista) foi a utilizada no assassinato de Luiz Rugai e sua mulher, Alessandra, em março de 2004. A polícia apresentou ontem a perícia que confirmou o fato.
Gil Rugai, filho de Luiz, alugava salas no edifício na época do crime. O estudante, que está preso desde 2004, é acusado de ter cometido o assassinato.
A perícia comparou balas encontradas no local do crime com outras disparadas durante o teste pela pistola recém-localizada. Chegou-se à conclusão de que os picotes (deformação no projétil) eram idênticos. Segundo a polícia, o exame tem 100% de confiança.
A arma, o laudo e os projéteis serão encaminhados agora ao Ministério Público.
O delegado que investiga o caso, Mauro Argachoff, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse que a confirmação é "mais uma peça no quebra-cabeça" e "fecha uma cadeia de investigação".
Não foi possível reconhecer as impressões digitais no artefato -uma pistola 380- devido ao tempo em que ele ficou submerso na caixa de águas pluviais do prédio, onde foi encontrado.
"Se essa perícia tivesse dado negativo, não mudaria nada", diz o delegado. "Tudo aquilo que angariamos antes nos dá a certeza de que ele [Gil] foi o autor."
Um dos principais indícios que levaram o estudante à prisão foi uma nota fiscal encontrada no quarto do rapaz, em nome dele, de um coldre para pistolas 380, mesmo tipo usado no assassinato.
A arma encontrada no prédio nos Jardins foi roubada em 2001 de um agropecuarista do interior do Paraná, cujo nome não foi divulgado pela polícia.
A caixa de águas pluviais onde a arma foi encontrada fica dentro da garagem do prédio. Segundo a polícia, o acesso ao local é restrito, o que aumenta a suspeita de que foi Gil quem colocou a pistola lá -uma vez que ele alugava salas no edifício. Na época, não havia sistema de circuito interno de TV.
O zelador do condomínio Office Michelângelo, Carlos Assis, foi quem achou a arma, enquanto fazia a limpeza da caixa. Ele contou com a ajuda de um carroceiro.
Gil confirmou em depoimentos anteriores que esteve naquele prédio, onde era a sede de sua empresa -a KTM Comunicações-, na noite do crime.
O advogado de Gil, Fernando da Costa, não telefonou de volta após pedidos de entrevista feitos ontem pela reportagem. Quando a arma foi encontrada, ele disse que o artefato deveria ter sido colocado no local pelo "verdadeiro" assassino, para incriminar seu cliente. Costa declarou também que perícias incluídas no processo indicam que Gil é inocente.

O crime
O empresário Luiz Rugai e sua mulher Alessandra foram mortos em casa, em Perdizes (zona oeste). Um laudo do IC (Instituto de Criminalística) afirma que Gil arrombou a porta de um dos cômodos da casa de seu pai com um chute momentos antes do horário estimado da morte de Luiz.
Além disso, o vigia da rua afirmou que viu Gil sair da casa, acompanhado por outra pessoa, logo após ouvir os tiros que mataram o casal. A polícia declarou ontem que não tem pistas desse segundo envolvido.
Em junho de 2004, o Tribunal de Justiça (TJ) negou habeas corpus para que o acusado respondesse ao processo em liberdade. Gil está preso desde abril.
No final do mês passado, a Justiça de São Paulo determinou a quebra do sigilo no processo contra o estudante Gil Rugai, que havia sido pedido pela defesa.
O sigilo processual havia sido decretado a pedido dos advogados do estudante. No entanto, o juiz Cassiano Ricardo Zorze Rocha, do 5º Tribunal do Júri, aceitou as alegações da promotora Mildred de Assis Gonzales de que os próprios defensores do acusado descumpriram a ordem.


Colaborou a Folha Online

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