São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2006

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Governador culpa detentos por caos em penitenciária

Lembo admite ser dramática a situação em Araraquara; hoje, 107 presos serão encaminhados para exame médico

Pefelista afirma que local será reformado a partir de segunda-feira, mas não irá transferir os presos por falta de vagas em presídios


DÉBORA FANTINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O governador Cláudio Lembo (PFL) admitiu ontem ser "dramática" a situação dos cerca de 1.450 presos confinados em um espaço projetado para 160, no Anexo de Detenção Provisória de Araraquara. Mas disse que não serão transferidos do local e responsabilizou os próprios detentos pelas condições em que se encontram.
"Esse drama humano não foi causado por nós, mas pelos próprios presos. Temos que preservar a segurança da sociedade mantendo os presos detidos num presídio totalmente destruído por eles mesmos."
Ele disse ainda que a reforma da penitenciária, destruída durante rebelião em 16 de junho, começará na segunda-feira.
Ontem, a Folha mostrou a situação caótica do presídio, onde os presos estão isolados, a comida é jogada do teto, e, para sair, os detentos liberados pela Justiça têm de ser içados. Os agentes penitenciários deixaram o local desde 16 de junho quando, após uma rebelião, a porta do local foi lacrada.
Á noite, a Secretaria da Administração Penitenciária informou que hoje serão retirados do local 107 presos que "alegaram problemas de saúde" para serem examinados.
Informou ainda que os presos serão redistribuídos para mais um pátio, onde cabem 160 presos, que estava interditado após a localização de um túnel.
A demora de mais de 20 dias para iniciar a reforma, justificou Lembo, deve-se a questões burocráticas, como o processo de licitações, e reflexo dos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital), ocorridos um mês antes do motim na prisão de Araraquara.
"As rebeliões em maio último geraram uma incapacidade da dinâmica da restauração dos presídios", disse ontem, após evento com usineiros. Na entrevista, ele culpou quatro vezes os presos pela situação.
Durante as obras de reforma na penitenciária, no entanto, os cerca de 1.450 presos devem ficar confinados no anexo, um espaço originalmente destinado para 160 pessoas.
Ele descartou a possibilidade de transferência dos detentos porque não há lugar em outros presídios. A falta de espaço, ainda segundo Lembo, deve-se ao fato de o governo cumprir todos os mandados de prisão. Dados de maio já apontavam um déficit de 28.801 vagas no sistema prisional.


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