São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2006

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CONTRA

Proposta acentua discriminação, alegam intelectuais contrários

DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo contrário ao estatuto, formado por intelectuais, artistas e integrantes de movimentos sociais, argumenta que a proposta acentua a discriminação em vez de combatê-la porque dá respaldo legal ao conceito de raça.
Para a antropóloga Yvonne Maggie, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituir o conceito de raça "só traz sofrimento".
"Foi assim na Alemanha nazista e em Ruanda [África]." O estatuto propõe a criação de uma carteira de identidade com a autodeclaração da cor.
Na sua opinião, o racismo pode ser combatido por campanhas anti-racistas nacionais, pela criação de delegacias anti-racistas e por investimentos políticos que priorizem a melhoria de vida das pessoas.
O mesmo pensa José Carlos Miranda, do Movimento Negro Socialista. "O estatuto joga fumaça sobre os problemas brasileiros. O governo deve investir em serviços públicos de qualidade, na geração de empregos."
Técnico em manutenção e morador de Caieiras (Grande SP), Miranda diz que não vê sentido numa política que o priorize pelo fato de ser afro-descendente em detrimento do seu vizinho branco, igualmente pobre. "Isso não resolve. Vai dividir o Brasil entre brancos e negros. Não queremos migalhas, mas o bolo inteiro."
Para a professora de história social da UFRJ Monica Grin, a autoclassificação compulsiva é uma expressão clara de políticas de regimes fascistas. (CC)


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