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CONTRA
Proposta acentua discriminação, alegam intelectuais contrários
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo contrário ao estatuto, formado por intelectuais,
artistas e integrantes de movimentos sociais, argumenta que
a proposta acentua a discriminação em vez de combatê-la
porque dá respaldo legal ao
conceito de raça.
Para a antropóloga Yvonne
Maggie, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituir o conceito
de raça "só traz sofrimento".
"Foi assim na Alemanha nazista e em Ruanda [África]." O
estatuto propõe a criação de
uma carteira de identidade
com a autodeclaração da cor.
Na sua opinião, o racismo pode ser combatido por campanhas anti-racistas nacionais,
pela criação de delegacias anti-racistas e por investimentos
políticos que priorizem a melhoria de vida das pessoas.
O mesmo pensa José Carlos
Miranda, do Movimento Negro
Socialista. "O estatuto joga fumaça sobre os problemas brasileiros. O governo deve investir
em serviços públicos de qualidade, na geração de empregos."
Técnico em manutenção e
morador de Caieiras (Grande
SP), Miranda diz que não vê
sentido numa política que o
priorize pelo fato de ser afro-descendente em detrimento do
seu vizinho branco, igualmente
pobre. "Isso não resolve. Vai dividir o Brasil entre brancos e
negros. Não queremos migalhas, mas o bolo inteiro."
Para a professora de história
social da UFRJ Monica Grin, a
autoclassificação compulsiva é
uma expressão clara de políticas de regimes fascistas.
(CC)
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