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Conselho da UFRJ apura desvio de verba
Presidente da FUJB e coordenador do Projeto Praça Onze foram convocados para esclarecer sumiço de dinheiro para pesquisa em Aids
Instituto dos EUA, que financia o programa, pode romper convênio caso UFRJ não explique onde foi parar cerca de R$ 1,1 milhão
ANTÔNIO GOIS
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O Conselho de Curadores da
UFRJ convocou ontem o presidente da FUJB (Fundação Universitária José Bonifácio), Raymundo de Oliveira, e o coordenador do Projeto Praça Onze,
Mauro Schechter, para prestarem hoje esclarecimentos a
respeito do sumiço de verbas
do programa de pesquisa em
Aids realizado pela universidade, com financiamento do governo dos Estados Unidos.
Ontem, a Folha relatou o
desvio de ao menos R$ 1,1 milhão, que foram parar na conta
bancária de uma secretária, já
indiciada pela Polícia Civil sob
a acusação de estelionato.
Há também dúvidas quanto
ao destino de outros recursos.
As suspeitas levaram o NIH
(Instituto Nacional de Saúde,
dos EUA), principal financiador, a exigir auditoria e ameaçar suspender o repasse.
O conselho é responsável por
aprovar a prestação de contas
da UFRJ e emitir pareceres sobre temas relativos ao patrimônio e finanças. É composto hoje por quatro integrantes, sendo um deles o reitor Aloisio
Teixeira. A iniciativa foi do
conselheiro Sebastião Amoedo.
"O estatuto do conselho permite que o órgão faça autoconvocação. Foi o que fiz, depois
de ler a reportagem e ligar para
dois de meus colegas. Não temos poder de polícia, mas o
que está em jogo é o nome da
universidade. Não pode haver
nenhuma dúvida sobre esse dinheiro", diz Amoedo.
Versões
O coordenador do projeto e o
presidente da FUJB atribuem
um ao outro a responsabilidade
pelo descontrole das contas.
"Oliveira diz que a conta era
de minha responsabilidade.
Não é verdade. É uma conta da
fundação, e estão autorizadas a
assinar cheques quatro pessoas, com poderes absolutamente iguais, e com prestações
de contas mensais. Nenhuma
prestação minha foi recusada",
diz Schechter.
A fundação afirma que a conta bancária foi aberta pela entidade, mas que ela era movimentada pelo pesquisador e
por outras três pessoas. Para liberar recursos, é preciso a assinatura de ao menos duas dessas
quatro pessoas.
"No conjunto dos cheques
[que foram parar na conta pessoal da secretária], temos sempre a assinatura do Mauro
[Schechter]", diz Oliveira.
Segundo Schechter, houve
cheques depositados na conta
da secretária que não foram assinados por ele. "É uma acusação grave do presidente da fundação, que dá a entender que eu
teria responsabilidade pelo
desvio de recursos. Além disso,
são várias as contas de repasse,
não apenas uma, e quem nomeia é o diretor do Hospital
Universitário."
Schechter diz que a secretária Rosenilda Sales não foi recrutada por ele, como afirmou
o presidente da FUJB. "Ela foi
escolhida pelo RH do hospital e
colocada para trabalhar comigo. Não tive nenhuma participação na seleção dela. Só em
mandá-la embora."
A fundação move ação contra
Schechter. Ele, por sua vez, pediu investigação ao Ministério
Público e ao Tribunal de Contas da União. Ainda não houve
divulgação dessas apurações.
A Folha não conseguiu localizar a secretária Rosenilda Sales. Para a polícia, ela alegou
que o dinheiro depositado era
pagamento "por fora" por outros projetos do pesquisador, e
para pagar voluntários, o que
Schechter nega.
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