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SP estuda importar água do Paraíba do Sul
Comitê começa a debater hoje proposta de construir adutora que comporia o abastecimento na Grande SP
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com disponibilidade de água
comprometida na região metropolitana de sua capital, São
Paulo estuda importar água do
rio Paraíba do Sul, que abastece
ainda Rio e Minas. O comitê
paulista da bacia começa a debater oficialmente hoje a proposta de transferir água do rio,
a partir da região de Jacareí.
A transposição, conforme estudos em andamento, é possível com a construção de uma
adutora até a represa do Jaguari, que compõe o sistema Canteira, o principal da Grande SP.
O comitê, composto por Estado, prefeituras e sociedade civil, é o primeiro órgão a discutir
a transposição, com volume mínimo de 5.000 litros por segundo, suficiente para abastecer
2,5 milhões de pessoas por dia.
Hoje, o Paraíba do Sul -que
cruza SP, MG e RJ- já sofre
uma transposição de 40% de
suas águas, que depois chegam
ao rio Guandu, principal manancial da região metropolitana do Rio. Cerca de 14,2 milhões de pessoas, somados os
8,7 milhões de habitantes do
Grande Rio, servem-se do rio.
São Paulo já importa da bacia
do Piracicaba metade da água
que usa e, diante da queda da
oferta das fontes disponíveis, o
governo contratou uma empresa para estudar a exploração de
outros mananciais.
A secretária Dilma Pena
(Energia e Saneamento, pasta
que tem assento no comitê) diz
considerar o início da discussão
"precipitado" porque o estudo
não terminou. "O Paraíba do
Sul existe dentro de um rol de
alternativas. Nem sei de quanto
[volume de transposição] poderia ser. É uma especulação."
A questão da transposição -a
mais conhecida no Brasil envolve o rio São Francisco- é polêmica, ainda mais por envolver
três Estados, avalia Benedito
Braga, presidente do International Hydrologic Programme
da Unesco e diretor da ANA
(Agência Nacional de Águas).
"Toda transposição é problemática e essa suscitará muito
debate. Mas, em situação de escassez, deve-se ter uma visão
compartilhada." A polêmica se
dá, diz, porque se retira água de
uma bacia para levar a outra,
baixando o volume do rio.
Para a secretária de Meio
Ambiente fluminense, Marilene Ramos, a medida só é viável
se não comprometer a qualidade da água retirada para abastecer o Grande Rio, que tem grande dependência do manancial.
A água perde qualidade após
o ponto de transposição porque, com menos volume, fica
difícil a dispersão de esgoto. "O
que não pode é afetar a transposição para o [rio] Gandu, vital para o Rio", disse Ramos,
que ainda preside o Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.
Para que a Sabesp faça a
transposição, o pedido terá de
passar pelo aval da ANA.
O estudo envolve ainda ao
menos três regiões: mananciais
no Vale do Ribeira; o rio Tietê
(represa de Barra Bonita); e o
aquífero Guarani, em Botucatu.
Essas outras opções têm desvantagens, em razão da distância e da necessidade de bombeamento de enorme volume
de água até a Grande São Paulo.
Já a represa do Jaguari fica a
poucos quilômetros do Paraíba
do Sul, que hoje tem água de sobra, conforme a ANA.
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