São Paulo, terça-feira, 07 de agosto de 2001

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ACIDENTE EM MARESIAS

Co-piloto nadou "cachorrinho"

Dores no braço dificultaram nado do piloto, afirma sobrevivente

DA SUCURSAL DO RIO

O piloto Ronaldo Ribeiro, 47, mal conseguia nadar após o acidente com o helicóptero do grupo Pão de Açúcar em Maresias. Ele sentia fortes dores por causa do deslocamento de um dos braços.
Ribeiro chegou a se queixar das dores ao co-piloto Luís Roberto Cintra, quando ambos estavam na água tentando chegar à praia de Maresias. O piloto acabou morrendo afogado, assim como a modelo Fernanda Vogel.
O co-piloto, que não quer falar em público sobre o acidente, já desabafou com amigos sobre os momentos mais trágicos da noite de 27 de julho. Segundo esses amigos, que conheciam Ribeiro e pediram para não ser identificados, o piloto havia machucado o braço tempos antes do acidente.
O deslocamento não chegava a incomodar na condução do helicóptero, mas se tornou insuportável quando ele foi obrigado a nadar para tentar sobreviver.
Cintra não comentou com esses amigos se Ribeiro chegou a perder o controle, como declarou o empresário João Paulo Diniz em entrevista à revista "Veja".
Muito abalado, o co-piloto evita falar sobre as causas da queda do helicóptero. Os amigos também não pressionam.
O relato do co-piloto torna-se mais preciso no momento posterior ao acidente, quando ele, Ribeiro, Fernanda e João Paulo já estavam na água. Chovia muito e a escuridão era completa.
O co-piloto confirma que foi mesmo idéia de João Paulo retirar a roupa para facilitar o nado.
Ele disse que, após o helicóptero ter afundado, todos começaram a nadar ao mesmo tempo em direção à praia, mas que, aos poucos, o grupo foi se dispersando por causa das altas ondas. Foi nesse momento que Cintra ouviu Ribeiro reclamar das dores.
Os amigos afirmam que Cintra se emociona com facilidade ao relembrar o acidente e que não entende como sobreviveu.
Ele era o único que não nadava bem. Enquanto João Paulo, Fernanda e o próprio Ribeiro tentavam chegar à praia nadando "crawl" (nado livre), ele resolveu se virar do único jeito que sabia -nadando "cachorrinho".
Segundo contou a amigos, ao nadar "cachorrinho", Cintra ficou com a cabeça fora da água a maior parte do tempo. A consequência foi um forte torcicolo que o perseguiu por dias.
Quando já havia perdido o contato com o piloto, Cintra encontrou Fernanda. Ela estava sozinha e não nadava; estava boiando e falava palavras sem sentido.
Já completamente exausto e com muito frio, o co-piloto não conseguiu ajudá-la. A sua próxima lembrança é a de estar chegando à areia da praia, literalmente se arrastando.



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