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ÔNIBUS
Empresas atrasaram salários
Viações descumprem acordo e motorista pára
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos de três meses depois de
fechar um acordo com a prefeitura para obter a elevação da tarifa,
dois dos quatro grandes grupos
que controlam os ônibus na cidade de São Paulo voltaram a atrasar os salários na maioria de suas
viações, provocando a paralisação de motoristas e cobradores.
Das 53 empresas da capital, 19
não pagaram em dia este mês, segundo José Valdevan, do Sindicato dos Condutores. Só quatro são
"independentes", desvinculadas
dos grupos Ruas, Niquini, Constantino e Belarmino, que detêm
60% do transporte paulistano.
Os trabalhadores de São José,
Talgo, Penha São Miguel e Itaim
Paulista, todas ligadas ao grupo
Ruas, cruzaram os braços ainda
ontem, às 11h30, na maior paralisação desde que a prefeita Marta
Suplicy (PT) aumentou a passagem, de R$ 1,15 para R$ 1,40, em
troca de um compromisso dos
empresários de não atrasar salários e de colocar mil novos ônibus
nas ruas até outubro.
Nas demais 15, os funcionários
prometem parar hoje caso os depósitos não sejam feitos até as 9h.
O Transurb (sindicato patronal)
diz que os salários estarão nas
contas ainda de madrugada. A assessoria da entidade não soube
dizer a motivação do atraso. A
SPTrans (São Paulo Transporte)
informou que os valores das tarifas, de passes e de vales-transporte estão sendo repassados em dia.
As quatro garagens que pararam ontem operam com 1.032
veículos, que transportam 360 mil
passageiros diariamente na zona
leste. Esse contingente representa
quase 10% dos usuários de São
Paulo. A SPTrans acionou um
plano emergencial, mas só conseguiu deslocar 421 ônibus para as
linhas da região. Os motoristas
chegaram a fechar os terminais
Aricanduva e A. E. Carvalho e dizem que só voltarão ao trabalho
depois de receber os salários.
O grupo Ruas liderou as conversas com Marta para obter a
elevação da tarifa. De suas 13 viações, 8 não pagaram ontem. Todas as seis empresas do grupo Niquini também deixaram de depositar os salários. Do grupo Constantino, apenas uma das quatro
deixou de pagar. Nas três do grupo Belarmino não houve atrasos.
Desde junho, só os trabalhadores de algumas viações independentes, como Iguatemi e Vitória,
estavam com dificuldades para
receber. A situação, agora, é semelhante às de março e abril,
quando os atrasos também foram
liderados pelos grandes grupos.
Na época, Marta acusava-os de
pressionar a prefeitura a conceder
subsídios e aumentar a tarifa.
Atualmente, a principal reclamação dos empresários é que os
acordos feitos com Marta não
ajudaram a recuperar os passageiros. Pelo contrário: os usuários
continuam a cair, em média 6%,
na comparação com 2000.
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