São Paulo, terça-feira, 07 de agosto de 2001

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ÔNIBUS

Empresas atrasaram salários

Viações descumprem acordo e motorista pára

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de três meses depois de fechar um acordo com a prefeitura para obter a elevação da tarifa, dois dos quatro grandes grupos que controlam os ônibus na cidade de São Paulo voltaram a atrasar os salários na maioria de suas viações, provocando a paralisação de motoristas e cobradores.
Das 53 empresas da capital, 19 não pagaram em dia este mês, segundo José Valdevan, do Sindicato dos Condutores. Só quatro são "independentes", desvinculadas dos grupos Ruas, Niquini, Constantino e Belarmino, que detêm 60% do transporte paulistano.
Os trabalhadores de São José, Talgo, Penha São Miguel e Itaim Paulista, todas ligadas ao grupo Ruas, cruzaram os braços ainda ontem, às 11h30, na maior paralisação desde que a prefeita Marta Suplicy (PT) aumentou a passagem, de R$ 1,15 para R$ 1,40, em troca de um compromisso dos empresários de não atrasar salários e de colocar mil novos ônibus nas ruas até outubro.
Nas demais 15, os funcionários prometem parar hoje caso os depósitos não sejam feitos até as 9h. O Transurb (sindicato patronal) diz que os salários estarão nas contas ainda de madrugada. A assessoria da entidade não soube dizer a motivação do atraso. A SPTrans (São Paulo Transporte) informou que os valores das tarifas, de passes e de vales-transporte estão sendo repassados em dia.
As quatro garagens que pararam ontem operam com 1.032 veículos, que transportam 360 mil passageiros diariamente na zona leste. Esse contingente representa quase 10% dos usuários de São Paulo. A SPTrans acionou um plano emergencial, mas só conseguiu deslocar 421 ônibus para as linhas da região. Os motoristas chegaram a fechar os terminais Aricanduva e A. E. Carvalho e dizem que só voltarão ao trabalho depois de receber os salários.
O grupo Ruas liderou as conversas com Marta para obter a elevação da tarifa. De suas 13 viações, 8 não pagaram ontem. Todas as seis empresas do grupo Niquini também deixaram de depositar os salários. Do grupo Constantino, apenas uma das quatro deixou de pagar. Nas três do grupo Belarmino não houve atrasos.
Desde junho, só os trabalhadores de algumas viações independentes, como Iguatemi e Vitória, estavam com dificuldades para receber. A situação, agora, é semelhante às de março e abril, quando os atrasos também foram liderados pelos grandes grupos. Na época, Marta acusava-os de pressionar a prefeitura a conceder subsídios e aumentar a tarifa.
Atualmente, a principal reclamação dos empresários é que os acordos feitos com Marta não ajudaram a recuperar os passageiros. Pelo contrário: os usuários continuam a cair, em média 6%, na comparação com 2000.



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