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URBANISMO
Desenvolvido em etapas, projeto prevê integrar o parque ao Masp com uma praça sobre a avenida Paulista
Trianon poderá virar complexo de lazer
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria do Verde e do Meio
Ambiente trabalha no projeto para transformar o parque Tenente
Siqueira Campos, o Trianon, na
avenida Paulista, em um complexo de lazer com funcionamento
24 horas e atrações como pequenos concertos e uma casa de chá.
Pelo projeto, a área atual (47.132
m2), de dois blocos unidos por
uma passarela sobre a alameda
Santos, será acrescida de duas ligações, uma com o Masp (Museu
de Arte de São Paulo), na entrada
(veja quadro), e outra com a praça
Alexandre de Gusmão.
A ligação com a praça seria feita
por uma passarela semelhante à
da alameda. Já a união do Masp
ao Trianon guarda a maior obra
do projeto -uma laje sobre a
qual será construída uma outra
praça. Os carros que hoje cortam
a avenida usariam um túnel.
O plano da secretaria usa o projeto original do escritório de arquitetura de José Magalhães Júnior e José Francisco Xavier Magalhães, cuja proposta de revitalização de toda a avenida Paulista
venceu o concurso "São Paulo Eu
Te Amo", em 1996.
No entanto a idéia de unir museu e parque é mais antiga. Segundo o diretor do Masp, arquiteto
Júlio Neves, a praça suspensa já
havia sido pensada por Lina Bo
Bardi (1914-1992) quando começou a desenhar o prédio, no fim
da década de 50. "Esse debate se
estendeu até a construção da linha do metrô", diz Neves.
Interferências
A prefeitura não tem levantamento total de custos do projeto,
somente cotações de algumas interferências, que são muitas. Segundo Caio Boucinhas, diretor do
Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes), foi estabelecida uma ordem de prioridades.
Dessa forma, as obras de menor
porte podem ser executadas pela
própria prefeitura, sem necessitar
de ajuda externa ou licitação.
A vegetação, por exemplo, precisará de manejo. Hoje, mistura
espécies invasoras, como o ficus,
com árvores como o jatobá e o
pau-brasil. A união cria espaços
fechados e difíceis de serem iluminados e protegidos. A mudança prevê o corte de 28 árvores.
No capítulo da segurança, diz
Boucinhas, o projeto inclui a instalação de câmeras em todo o
Trianon e de um posto policial
para um contingente de 120 homens, entre policiais militares e
guardas civis metropolitanos, na
praça Alexandre de Gusmão.
O projeto de mudança da iluminação já estava fechado com o Ilume (Departamento de Iluminação Pública de São Paulo), mas teve de ser alterado em função da
crise energética. Atualmente, são
estudadas alternativas a gás e solar. O poste experimental a gás estava planejado para ser instalado
hoje, no Palácio das Indústrias.
O restauro do casarão que fica
dentro do parque é outra interferência planejada. Nesse capítulo,
entra a saída escolhida pela prefeitura para viabilizar as obras.
Como o Trianon é tombado pelo Condephaat e pelo Conpresp,
conselhos que cuidam do patrimônio histórico em âmbitos respectivamente estadual e municipal, é possível usar leis de incentivo à cultura que concedem descontos em impostos às empresas.
De acordo com Boucinhas, participam ativamente do processo
representantes da rede hoteleira
vizinha ao parque, do Colégio
Dante Aligheri, do Masp, do Itaú
Cultural e da rede de estacionamentos Estapar.
Diagnóstico e parceria
O projeto nasceu de um diagnóstico feito no local pela equipe
da prefeitura. O estudo apontou o
abandono do parque pelos moradores e frequentadores da região.
Na rede hoteleira, por exemplo, o
Trianon é indicado aos turistas
como um local a ser evitado.
O diagnóstico serviu ainda para
a prefeitura conhecer melhor o
trabalho da Comissão Permanente de Revitalização do Trianon,
que reúne empresários e entidades em torno da Associação Paulista Viva, que incluía até um projeto paisagístico desenvolvido pela Abap (Associação Brasileira de
Arquitetos Paisagistas).
Os hotéis são os que mais prontamente se dispuseram a colaborar. Segundo Nelson Baeta Neves,
presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih) e
diretor do Crowne Plaza, que fica
próximo da região, o apoio foi
manifestado em encontro com a
prefeita Marta Suplicy.
Baeta Neves não conhece o projeto final da prefeitura, mas diz ter
receio de "iniciativas pirotécnicas" como o rebaixamento da
avenida. "Há várias pequenas coisas que podem ser feitas antes."
Para ele, a situação do Trianon
hoje é muito ruim, não só pelas
instalações, mas também por causa da baixa frequência da população. "Atrair empresários será difícil. Quem irá querer assumir os
riscos de restaurar um casarão para explorar uma casa de chá para a
qual não se sabe que público terá?", questiona Baeta Neves.
"Por enquanto, não há público.
Por isso é preciso tomar iniciativas para incrementar o Trianon,
para estimular a sua ocupação, seja com aumento da segurança ou
com uma agenda de eventos",
completa o diretor da Abih.
A opinião é dividida por Júlio
Neves. "A ligação seria fantástica
para o museu, mas, no momento,
o parque precisa mais de água, sabão e policiamento", afirma.
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