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Disque-ajuda para mulher fez 1 milhão de atendimentos
Call center nacional contra a violência doméstica,
que funciona há 4 anos, recebe cada vez mais ligações
Objetivo é informar mulheres agredidas e testemunhas sobre possibilidades da Lei Maria da Penha
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
"Central de atendimento à
mulher, em que posso ajudar?" Essa é a frase que se repete milhares de vezes num
único dia no salão de cerca
de 200m2 onde funciona o
call center nacional contra a
violência doméstica.
O espaço, localizado em
uma cidade-satélite de Brasília, reúne todas as 150 atendentes que se revezam ao
longo de 24 horas e recebem
relatos de ameaça, violência
física e psicológica, cárcere
privado e tráfico de pessoas.
Nos dois últimos casos, a
central aciona diretamente
as autoridades competentes.
Nas demais situações, é necessário uma queixa da parte
da mulher e o serviço fornece
informações e suporte.
Um dos papéis prioritários
da central é explicar os objetivos e as possibilidades da
Lei Maria da Penha, que completa hoje quatro anos.
"O Ligue 180 tem o papel
importante de orientar a vítima de violência, já que a lei é
recente", afirma Ana Cláudia
Pereira, consultora do Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria).
Foram 343.063 atendimentos feitos nos seis primeiros meses do ano, mais
que o dobro do ocorrido no
mesmo período de 2009, segundo a Secretaria Especial
de Políticas para as Mulheres, responsável pelo serviço.
Nos quatro anos de funcionamento do call center, foram 1,2 milhão de atendimentos. Dados à parte, a central é rodeada de sigilo: não
há identificação na fachada
do prédio, as atendentes não
usam uniforme e os relatos
são tratados como segredo.
A reportagem visitou o espaço na manhã da última
quinta-feira. Da porta para
dentro, a central segue o estereótipo de um call center
tradicional: mulheres jovens
-em geral abaixo dos 30
anos, segundo a secretaria-
munidas com seus fones.
LILÁS E BRANCO
Balões lilás e brancos festejam os quatro anos da citada lei e cartazes motivam o
trabalho. "A partir do momento em que lhe pedem
ajuda, você tem uma vida
nas mãos e seu apoio pode
fazer a diferença", afirma um
deles.
Imbuída desse espírito,
uma atendente ditava ao telefone medidas protetivas
quando a Folha iniciou sua
visita ao local.
A moça, de 18 anos, fez outros três atendimentos em 20
minutos. "A violência está
ocorrendo neste momento?
A senhora acredita que sua
vizinha está correndo risco?
Então ligue para a polícia",
orientava, impassível.
Um outro relato desperta
desconfiança. "A voz parecia
de criança, mas a gente não
pode tratar esses casos como
trote. A minha voz pode parecer de criança também."
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