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Taxa de suicídios no país sobe 36% em 10 anos
DO ARTICULISTA DA FOLHA
De 1987 a 2007, a taxa
anual de suicídios no Brasil
pulou de 3,44 por 100 mil habitantes para 4,68 -um aumento de 36%. Esses números, porém, são problemáticos, como alerta o demógrafo
Paulo Borlina Maia, da Fundação Seade, que, a pedido
da Folha, preparou o quadro
com a evolução da taxa.
Um dos problemas é a má
qualidade dos dados de mortalidade em geral. Das 27 unidades federativas, só 8 trazem informações que podem
ser consideradas confiáveis.
Ocorre, porém, que tem
havido uma melhora paulatina. Assim, o aumento da taxa
se deve em parte ao aprimoramento da cobertura.
Se considerarmos só a região Sul, cujas informações
sempre foram melhores, o
crescimento é mais modesto:
21%. Se pegarmos só SP,
houve redução de 12,6%.
Outra dificuldade é a subnotificação. Por uma série de
razões emocionais, religiosas
e até securitárias, as pessoas
não alardeiam que seus parentes tiraram a própria vida.
Às vezes, conseguem evitar que a causa conste do certificado de óbito. Com isso, as
estatísticas não refletem o
número real. Em algum grau,
como observa a professora
Maria Helena Mello Jorge, da
Faculdade de Saúde Pública
da USP, a subnotificação é
um problema mundial.
A questão é saber se a cifra
brasileira -acanhada em relação à média global- se deve a diferenças culturais que
nos levam a cometer menos
suicídios ou se entra na conta
de uma subnotificação maior
que a do resto do mundo. É
possível que os dois fatores
atuem ao mesmo tempo.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) coloca a taxa
mundial de suicídios em algo
entre 10 e 30 por cem mil habitantes, com os países campeões, como Rússia e Lituânia, passando dos 40. Os 4,68 do Brasil são a metade
da banda inferior da média.
Em escala global, o suicídio é uma das principais causas de morte. Em 2000, 815
mil pessoas tiraram a própria
vida em todo o mundo. Isso é
mais do que o total de assassinatos ou de mortos em
guerras no mesmo ano. Segundo a OMS, do 1,6 milhão
de mortes violentas registrado em 2000, 815 mil se deveram a suicídios, 520 mil a homicídios e 310 mil a conflitos.
As cifras são chocantes para nós brasileiros, porque no
país os assassinatos superam
em muito os suicídios. As taxas por 100 mil habitantes
são de 25,2 contra 4,68. (HS)
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