São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2010

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Taxa de suicídios no país sobe 36% em 10 anos

DO ARTICULISTA DA FOLHA

De 1987 a 2007, a taxa anual de suicídios no Brasil pulou de 3,44 por 100 mil habitantes para 4,68 -um aumento de 36%. Esses números, porém, são problemáticos, como alerta o demógrafo Paulo Borlina Maia, da Fundação Seade, que, a pedido da Folha, preparou o quadro com a evolução da taxa.
Um dos problemas é a má qualidade dos dados de mortalidade em geral. Das 27 unidades federativas, só 8 trazem informações que podem ser consideradas confiáveis.
Ocorre, porém, que tem havido uma melhora paulatina. Assim, o aumento da taxa se deve em parte ao aprimoramento da cobertura.
Se considerarmos só a região Sul, cujas informações sempre foram melhores, o crescimento é mais modesto: 21%. Se pegarmos só SP, houve redução de 12,6%.
Outra dificuldade é a subnotificação. Por uma série de razões emocionais, religiosas e até securitárias, as pessoas não alardeiam que seus parentes tiraram a própria vida.
Às vezes, conseguem evitar que a causa conste do certificado de óbito. Com isso, as estatísticas não refletem o número real. Em algum grau, como observa a professora Maria Helena Mello Jorge, da Faculdade de Saúde Pública da USP, a subnotificação é um problema mundial.
A questão é saber se a cifra brasileira -acanhada em relação à média global- se deve a diferenças culturais que nos levam a cometer menos suicídios ou se entra na conta de uma subnotificação maior que a do resto do mundo. É possível que os dois fatores atuem ao mesmo tempo.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) coloca a taxa mundial de suicídios em algo entre 10 e 30 por cem mil habitantes, com os países campeões, como Rússia e Lituânia, passando dos 40. Os 4,68 do Brasil são a metade da banda inferior da média.
Em escala global, o suicídio é uma das principais causas de morte. Em 2000, 815 mil pessoas tiraram a própria vida em todo o mundo. Isso é mais do que o total de assassinatos ou de mortos em guerras no mesmo ano. Segundo a OMS, do 1,6 milhão de mortes violentas registrado em 2000, 815 mil se deveram a suicídios, 520 mil a homicídios e 310 mil a conflitos.
As cifras são chocantes para nós brasileiros, porque no país os assassinatos superam em muito os suicídios. As taxas por 100 mil habitantes são de 25,2 contra 4,68. (HS)


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