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ORÇAMENTO
Com aperto fiscal na prefeitura, área deve perder R$ 115 milhões, o que inviabiliza construção de hospital na zona sul
Saúde é a maior afetada por corte de gastos
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A área da saúde, uma das prioridades da Prefeitura de São Paulo,
deve ser a principal prejudicada
pelo corte de 8,5% no Orçamento
municipal de 2002, determinado
por decreto pela prefeita Marta
Suplicy (PT) há um mês.
O corte ameaça a construção de
dois hospitais e de 13 unidades
básicas de saúde em áreas carentes de equipamentos de saúde.
Nesses locais os moradores reivindicaram as obras em reuniões
do Orçamento Participativo feitas
pela prefeitura.
A Folha procurou todas as secretarias municipais e órgãos afetados nos últimos dias para saber
o impacto da medida. A saúde foi
a que relatou o pior quadro.
Nesta área, o corte foi de 8%. A
prefeitura pretendia aplicar R$
1,424 bilhão em saúde, valor reduzido para R$ 1,309 bilhão. Serão
R$ 115 milhões a menos na pasta.
A Secretaria das Finanças, porém,
admite reavaliar esse número.
Segundo a Secretaria da Saúde,
a limitação dos gastos, além de inviabilizar alguns dos investimentos previstos, prejudica a compras
de equipamentos e as compras regulares. Os estoques estratégicos
de medicamentos foram reduzidos de 3,5 meses para 2,5 meses.
Paulo Carrara, chefe de gabinete
da Secretaria da Saúde, disse que
não há mais dinheiro para iniciar
as desapropriações necessárias
para um hospital e cinco unidades
básicas de saúde previstas.
Só a do hospital do M'Boi Mirim, que será construído no Jardim Ângela (zona sul), deverá
custar R$ 7,5 milhões. A prefeitura não inaugura novos hospitais
desde a gestão da prefeita Luiza
Erundina (1989-92).
Carrara afirmou que também
está ameaçada a construção de oito postos de saúde e do hospital
de Cidade Tiradentes (zona leste),
cujos projetos ainda estão sendo
elaborados. "Caso os projetos sejam concluídos, não haverá dinheiro para iniciar as obras."
A secretaria já havia informado
que também reduziu de 800 para
600 o número de equipes do Programa Saúde da Família previsto
para este ano.
A Secretaria das Finanças atribuiu o corte à crise econômica do
país, mas mesmo assim resistiu a
dar informações sobre o tema.
O chefe de gabinete das Finanças, Fernando Haddad, disse na
última quinta-feira que ainda não
foi possível calcular o percentual
de corte para todas as secretarias.
A pasta só informou o valor da Secretaria da Saúde. Disse ainda que
não recebeu informações sobre
novas contratações e reajustes
concedidos a funcionários e do
seu impacto no Orçamento global
da prefeitura.
Dez pastas e órgãos procurados
pela reportagem informaram que
não devem sofrer impacto significativo: Assistência Social, Meio
Ambiente, Negócios Jurídicos,
Habitação, Subprefeituras, Abastecimento, Planejamento, Educação, Serviços e Obras e o Gabinete
da prefeita.
A secretaria do Trabalho, apesar
de incluída no decreto, não sofreu
com o corte orçamentário, informou a assessoria de imprensa.
Outras quatro pastas não tinham ainda uma avaliação: Comunicação, Infra-Estrutura Urbana, Esportes e Relações Internacionais. O secretário da Cultura, Marco Aurélio Garcia, já havia
informado à Folha no início da
semana que a pasta ainda não definiu como cortará verbas.
As secretarias dos Transportes e
de Gestão Pública e a Ouvidoria
do município não apresentaram
até o fim da tarde de ontem a análise solicitada pela reportagem.
Na Secretaria da Educação, apesar do corte de R$ 100 milhões no
Orçamento de R$ 2,4 bilhões, não
teria ocorrido impacto significativo, disse a chefe de gabinete da
pasta, Maria Aparecida Perez.
Segundo ela, um dos principais
projetos, o dos escolões, já estava
atrasado em razão de problemas
apontados pelo Tribunal de Contas do Município.
O dinheiro reservado para o
gasto foi "economizado" com a
alteração do cronograma e "suavizou" a limitação de outros gastos, afirmou Maria Aparecida, que negou a paralisação de obras.
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