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TRANSPORTE
De acordo com a SPTrans, decisão foi tomada por causa de "problemas na prestação de contas da arrecadação"
Prefeitura rompe contrato com 3 viações
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Marta Suplicy (PT)
decidiu ontem romper os contratos com três viações de ônibus do
empresário Romero Niquini, segundo maior de São Paulo, que
atua nas zonas sul e leste.
A rescisão contratual começa
hoje, quando funcionários da prefeitura vão assumir as garagens
das empresas São Judas, Santa
Bárbara e Parelheiros. Elas têm
4.300 funcionários, 900 ônibus e
transportam 10% dos 3,7 milhões
de passageiros diários do sistema.
Em nota distribuída à imprensa,
a SPTrans -órgão municipal que
cuida do transporte coletivo-
diz que a decisão foi tomada por
causa de "problemas na prestação
de contas da arrecadação".
A medida é a mais drástica já tomada na gestão Marta Suplicy
contra um dos grandes empresários do setor. O grupo Romero
Niquini é controlado há dois meses por Willian Ali Chaim, militante do PT ligado ao secretário
de Governo, Rui Falcão, e que deixou a campanha para deputado
federal de Ricardo Zarattini, pai
do secretário dos Transportes,
Carlos Zarattini, para assumir a
presidência das viações.
A decisão da prefeitura é resultado de uma auditoria que começou a ser feita em 12 de agosto nas
empresas de Romero Niquini.
Nesse dia, as três viações informaram à SPTrans uma arrecadação de 54.675 vales-transporte,
21,53% do total de pagantes. A fiscalização, porém, identificou
143.309 vales-transporte
-56,42% dos pagantes- nos relatórios feitos diariamente pelos
cobradores. A diferença de 88.634
representa uma receita superior a
R$ 120 mil, em apenas um dia.
Os vales arrecadados pelas empresas de ônibus de São Paulo são
recolhidos pela SPTrans, que faz a
distribuição dos valores entre os
consórcios, conforme as regras
contratuais -30% de acordo
com os custos fixos e 70% com a
quantidade de passageiros.
Segundo a Folha apurou, a
SPTrans chegou a receber denúncias de funcionários das empresas
São Judas, Santa Bárbara e Parelheiros de que os vales seriam revendidos no mercado negro.
Consórcios
As viações que sofreram a rescisão contratual representam mais
de 75% da frota de Romero Niquini na capital paulista. Elas fazem parte de três dos oito consórcios de São Paulo. Niquini também é dono de garagens no consórcio Aricanduva, que não apresentou os mesmos problemas.
Chaim, presidente das viações
de Niquini, disse ter sido informado do rompimento contratual pela Folha, às 20h30. Ele afirmou
que a decisão era "um problema
sério", que não saberia a reação
dos trabalhadores, mas, por não
saber dos detalhes, não quis comentar a afirmação da SPTrans
sobre as diferenças na prestação
de contas dos vales arrecadados.
O secretário dos Transportes,
Carlos Zarattini, se reuniu ontem
à noite com representantes do
sindicato dos motoristas.
O secretário de Formação e Cultura da entidade, Francisco Xavier da Silva Filho, disse que não
esperava uma decisão "tão drástica", mas que os trabalhadores não
devem contestá-la. "A gente sabe
que as empresas do Niquini têm
uma série de problemas, mas não
dava para imaginar uma medida
assim, por causa de fraude."
Zarattini disse ao presidente do
sindicato, Edivaldo Santiago, que
as linhas devem ser repassadas
para as demais viações do sistema
nas próximas semanas e que os
motoristas serão remanejados.
O rompimento contratual
acontece mais de um mês após a
assinatura dos contratos emergenciais pelas viações, válidos por
seis meses. Na época, parte delas,
incluindo as de Niquini, articulou
um boicote contra a prefeitura,
ameaçando não assinar os contratos por discordar das regras de remuneração.
Até a medida anunciada ontem,
a gestão Marta só havia feito intervenções pontuais nas viações de
ônibus, por tempo limitado. Segundo a SPTrans, embora a frota
fique sob controle da prefeitura,
"as dívidas anteriormente contraídas" continuam sob responsabilidade dos proprietários.
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