São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2006

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VÔO 1907/FAMÍLIAS

Parentes decidem que irão pedir indenização nos EUA


Advogados norte-americanos contratados chegarão ao Brasil na terça-feira

Escritório já representou familiares em 33 casos de acidentes aéreos; no Brasil, trabalham em parceria com advogado do Rio de Janeiro SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Famílias das vítimas brasileiras do Vôo 1907 da Gol contrataram um escritório de advogados de San Francisco, na Califórnia, especializado em pedidos de indenização por acidentes aéreos. Eles vão abrir uma ação civil nos Estados Unidos pedindo compensação financeira pela perda da vida de seus parentes no acidente. Robert Lieff, proprietário da firma, confirmou à Folha a contratação, mas não quis precisar o número exato de familiares, que "passaria de uma dezena".
O próprio Lieff e sua sócia, Lexi Hazam, chegam ao Brasil na terça-feira para se encontrar com seus clientes. Levam consigo um especialista e avisam que realizarão sua própria investigação para ajudar a determinar culpabilidades. Se a Justiça brasileira concluir que os dois pilotos cometeram alguma falha, eles pretendem processar seu empregador, a ExcelAire. Quem pagaria a indenização seria a seguradora da empresa norte-americana.
A Lieff Cabraser Heimann & Bernstein ou seus advogados já representaram familiares em 33 casos de acidentes aéreos, o primeiro em 1987 (queda do MD82 da Northwest Airlines no aeroporto de Detroit), o mais recente em 2006 (queda do Bombardier CRJ-100 da Comair, subsidiária da Delta, em Lexington, no Kentucky). No Brasil, trabalham em parceria com o advogado Leonardo Amarante, do Rio.
Juntos, os dois escritórios já representam mais de 500 hemofílicos brasileiros infectados com o HIV ou seus parentes, que processam companhias norte-americanas que fabricaram produtos sangüíneos Factor VIII (ou "AHF") e Factor IX que seriam supostamente contaminados. Na sexta-feira, o escritório colocou no ar um site em português que busca esclarecer as dúvidas quanto a casos de aviação civil.
Se a hipótese de falha técnica for comprovada, eles podem acionar desde a Embraer, se o defeito foi no Legacy, até a ExcelAire, que comprou a aeronave e a registrou nos EUA, passando pelo fabricante do aparelho conhecido como TCAS, que no caso do Legacy teria sido feito pela Honeywell, baseada em Nova Jersey, e a própria Boeing, de Seattle, no Estado de Washington, se o problema tiver sido no 737/800. "Não descartamos nenhuma possibilidade", disse à Folha Lieff.
Mas o cenário mais forte com que trabalham é a de que a falha humana por parte dos dois pilotos norte-americanos seja confirmada. Para tanto, já levantaram detalhes sobre o faturamento da ExcelAire.


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