São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Mudanças arquitetônicas prejudicam resgate histórico

DA SUCURSAL DO RIO

A dificuldade em encontrar em pé resquícios de um história que completa 200 anos em 2008 -a da vinda da corte portuguesa ao Brasil- deve-se também às mudanças arquitetônicas sofridas nas construções cariocas no século 20, diz o arquiteto Francisco Veríssimo, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Um dos autores do livro "Arquitetura no Brasil, de Cabral a D. João VI", lançado no dia 18 de setembro, Veríssimo afirma que a Revolução Industrial e as renovações de estilo da década de 1920 reconfiguraram as construções do Centro do Rio.
Antes dessas intervenções, as casas, segundo ele, não seguiam um estilo específico, mas eram normalmente em madeira com cores vibrantes, como amarelo e azul del rey, nas esquadrias. Boa parte delas servia também às atividades comerciais de seus moradores, por isso tinham portas largas e altas.
"Quase todas as casas tinham portas bem grandes porque sempre funcionava algum tipo de comércio no primeiro andar. Até por isso o centro do Rio começou a se transformar em um centro comercial", diz Veríssimo, lembrando que hoje essa arquitetura se conserva basicamente em cidades com centros históricos, como o de Paraty, no sul fluminense.
No Rio, um remanescente desse estilo, segundo o arquiteto, reside na fachada de um imóvel na rua do Riachuelo, na Lapa (centro do Rio).
Nos imóveis que têm respaldo financeiro de órgãos públicos, essas características conseguiram sobreviver ao tempo. Um deles é o Paço Imperial. Casa principal da família real, o casarão, na praça 15, hoje funciona como museu e centro cultural e tem a sua fachada original mantida.
Apesar de ter verbas federais e ser tombado, a Quinta da Boa Vista, que foi a segunda casa da família real no Brasil e onde hoje funciona o Museu Nacional, ainda pena com a falta de conservação de sua estrutura, diz o historiador Milton Cunha.
"[A Quinta da Boa Vista] está em petição de miséria, caindo aos pedaços. A obra que o Iphan fez há pouco tempo lá foi de fachada", afirma Cunha.


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