São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Obra do metrô danifica e até afunda casas no Butantã

Ao menos 20 imóveis foram interditados e outros 280 sofreram algum tipo de dano

Segundo os moradores, situação se agravou a partir de setembro, após consórcio iniciar serviços de reparação em um dos túneis da obra

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Casas com o piso afundando, com paredes rachadas e até escoradas com pedaços de ferro para não cair. Essa é a situação de pelo menos 20 casas que foram interditadas e de outras 280 que sofreram algum tipo de dano por conta das obras da futura estação Butantã do metrô, na zona oeste de São Paulo.
Os estragos provocados pela obra, que começaram a aparecer em maio de 2007, estão se ampliando desde setembro último, segundo os moradores, depois que o Consórcio Via Amarela, responsável pela obra, iniciou serviços de reparação em um dos túneis da futura estação do metrô.
O reparo teve que ser feito em 40 metros do túnel, em área próxima à rua Sapetuba. Com isso, casas localizadas entre as ruas Alvarenga e Martins, onde não havia relatos de problemas graves, passaram a apresentar rachaduras, infiltrações, rompimento de canos e comprometimento da estrutura, causando a interdição dos imóveis.
A Folha visitou ontem o local e observou que, em um quarteirão da rua Alvarenga, entre as ruas Esperanto e Martins, todas as casas tinham algum tipo de dano. Três delas tinham o piso rebaixado, sendo que uma inclinou para o lado esquerdo e apresenta uma diferença de 20 centímetros entre as extremidades.
Moradores afirmam que todas as reformas necessárias nos imóveis estão sendo feitas pelo consórcio, mas que as obras definitivas só poderão ser feitas depois que as escavações do túnel do metrô terminarem. Com o fim das obras, o lençol freático que passa embaixo dos imóveis deverá se acomodar. Mas isso, ainda segundo os moradores, pode demorar até dois anos.
Até agora, porém, não há nenhum documento garantindo que o consórcio realizará os reparos nas casas afetadas.

Rachaduras voltam
De maio até setembro do ano passado, sete casas já haviam sido interditadas por conta de problemas provocados pela obra. Seus ocupantes tiveram de ir para imóveis alugados ou hotéis, pagos pelo Consórcio Via Amarela, também segundo os moradores.
Também nessa época, várias casas começaram a apresentar algum tipo de avaria. Os imóveis, segundo os moradores, foram reparados pelo consórcio, mas as rachaduras voltaram.
O Consórcio Via Amarela -formado por Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Alstom-, responsável pela obra, não se manifestou oficialmente ontem.
Entretanto, o engenheiro Jorge Takahashi, especialista em túneis e consultor do consórcio, que vistoriou o local no primeiro semestre, afirma que a região está sendo monitorada continuamente pelo Via Amarela e que o risco de desabamento das casas é "quase zero".


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