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Faculdade usa regra do MEC e "rouba" turma de concorrente
Desde 2007, aluno não tem de pagar 2 matrículas ao se transferir, o que facilitou processo
Atraídos por mensalidade menor, 35 alunos deixaram Uninove e foram para a Unib; outras instituições oferecem descontos a aluno
JOANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma mudança do Ministério
da Educação na regra de transferência de alunos acirrou a batalha entre universidades particulares por novas matrículas.
Atraídas por descontos expressivos e mensalidades mais baratas, turmas inteiras chegam a
mudar de universidade. Em
reação, instituições que perderam alunos estão revendo as
suas políticas de preços na tentativa de evitar mais baixas.
A guerra foi deflagrada a partir da modificação na portaria
230 do MEC, segundo a qual o
aluno não precisa mais pagar
duas matrículas -uma na universidade que deixou e outra
naquela para a qual irá se transferir- se quiser mudar de instituição. Agora, basta pagar a matrícula na nova instituição.
Desde que a medida entrou
em vigor, em março do ano passado, as matrículas na Unib
(Universidade Ibirapuera) só
fazem crescer. Com dois campi
e 170 salas na zona sul de São
Paulo, a universidade recebeu
468 novos alunos no segundo
semestre deste ano. No primeiro semestre deste ano, haviam
sido 83, contra 65 no segundo
período do ano passado, logo
após a edição da portaria.
"É como comprar um carro.
Você vai à concessionária, vê o
carro, se impressiona e compra.
Nós mostramos as instalações,
a possibilidade de fazer pesquisa, mostramos que temos mestrado acadêmico agora", diz
Sigmar de Mello Rode, coordenador do curso de odontologia.
Neste semestre, o curso
abriu uma turma para cerca de
40 alunos de segundo semestre. Quase todos vieram da Uninove, uma das maiores universidades particulares do país,
com mais de 70 mil alunos. Alguns deixaram a Unisa (Universidade de Santo Amaro).
Foi o que fez Giselle Dias Marin, 23. Ela estudava na Uninove quando resolveu fazer uma
"pesquisa de mercado" em busca de um preço melhor. "Eu
queria uma universidade que
tivesse uma mensalidade com
valor fixo. Na Uninove, a cada
semestre o valor aumenta."
Ela foi orientada a conversar
com colegas de classe e levá-los
até a nova universidade, onde
conversaram com o coordenador do curso e conheceram laboratórios. A Unib aceitou as
condições dos alunos e propôs
formar uma turma com 40 pessoas. Conseguiram "cerca de
35" e fecharam acordo.
"O preço que eles fizeram para nós foi bacana", diz o aluno
Elias Assad Neto, 26. O valor
das mensalidades foi fixado em
R$ 767,35. Na Uninove, eles pagavam cerca de R$ 900.
Outra sala foi formada para
alunos de sexto semestre, também em odontologia, que recebeu 119 transferências neste semestre -mais do que os que
entraram pelo vestibular. Administração recebeu 240 alunos, e direito, 59.
Para Fabiola Adami, pró-reitora acadêmica da Unib, as
transferências não são reflexo
da medida do MEC. A Unib teve
nota 2 em avaliação do MEC -a
pontuação vai de 1 a 5.
Na Unisa, que também tem
nota 2 no MEC, quando questionado se é possível ter preço
mais baixo para um grupo de
transferências, um funcionário
orienta o aluno a falar pessoalmente com o coordenador do
curso, porque "geralmente são
abertas negociações".
A Unip (Universidade Paulista), nota 3 no MEC, oferece
desconto para alunos de outras
instituições. Quem abandona a
concorrência paga só a mensalidade equivalente ao curso de
primeiro semestre, mais barato, durante meio ano.
A UniABC, outra a obter nota
2 no MEC, ainda não tem a promoção. Mas a Folha apurou
que o desconto de transferência passará a ser aplicado no
próximo ano.
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