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SEGURANÇA SOB AMEAÇA
Soldado que teve a casa atacada, afirma que não vai se mudar; sua mulher, também policial, amamentava a filha na sala quando atiraram
"Cada minuto ali parecia uma hora", diz PM
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
"Ouvi os tiros lá fora, corri para
a sala e vi minha mulher ensanguentada, sobre o bebê. Arrastei
as duas para o quarto e peguei o
revólver. Naquele instante, o tempo parou."
O soldado Emerson Dias da Silva, 36, mudou-se há vinte anos
para aquela casa, em Sapopemba
(zona leste de São Paulo). Há 16
anos, ingressou na Polícia Militar,
por admirar um vizinho policial.
Há quatro anos, o soldado Silva,
conheceu a policial Flávia Nunes,
26, com quem tem duas filhas. Há
um mês e sete dias, a caçula, Luisa, nasceu. A poucos minutos do
ataque, a menina acordou chorando. A mulher levantou-se para
amamentá-la na sala da casa. Silva
ouviu os disparos.
"Cada minuto ali parecia uma
hora. Só sei que eles atiraram, foram embora, os policiais chegaram e nós sobrevivemos", afirma
Silva. Vinte balas atingiram a casa
e o carro da família. Nunes levou
um tiro de raspão no cotovelo. As
crianças não foram atingidas.
O ataque ocorreu por volta das
23h30 de anteontem. Testemunhas disseram que foi realizado
por quatro homens dentro de um
Gol vinho. Entretanto, o soldado
não tem suspeitos nem sabe se o
fato está relacionado ou não aos
atentados contra a polícia.
Silva pretende reforçar a segurança da casa, onde também moram sua mãe e um irmão, mas
não pensa em se mudar. "A polícia tem estrutura para solucionar
isso e agora eu estou com mais
vontade de resolver esse caso e
prender os bandidos", afirma.
"Acostumados"
O ataque ao casal não chocou os
vizinhos, já "acostumados" à violência no bairro. "Isso para mim
não é novidade. Um dia eu estava
lavando a calçada, passaram dois
homens por mim e um matou o
outro com um tiro na cabeça. Só
virei para a bala não pegar em
mim. Na volta, ele ainda sorriu
para mim e disse boa-tarde. É assim", conta uma vizinha, que não
quis se identificar.
Horas antes do ataque ao casal,
uma moradora viu dois homens
armados perto da casa de Silva. A
"lei" que impera na região, porém, é a do silêncio.
"Nesse bairro eles matam e depois ainda voltam ao lugar para
perguntar o que aconteceu", afirma o irmão de Silva, Márcio, 27,
que trabalha como vigilante.
O soldado reconhece que mora
em um local violento. "Como moro na periferia, a troca de tiros entre eles mesmos é o dia-a-dia, então esse procedimento de arma é
uma rotina nossa", afirma Silva.
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