São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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Litoral do pré-sal terá mais negócios e menos veraneio

Investimentos mudarão o perfil do turismo na costa paulista, diz estudo

Em 15 anos, região deve ganhar 500 mil pessoas e ver renda média subir; casa fechada será alvo de pressão imobiliária

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

O litoral de São Paulo deve perder nos próximos anos o perfil de balneário -concentração de turistas em feriados e temporada-, trocar imóveis de veraneio por residências fixas, ver avançar o turismo de negócios e acirrar a disputa entre morador e visitante por bens e serviços.
O pivô é o pré-sal, petróleo achado nas profundezas da bacia de Santos, cuja exploração deve injetar R$ 209 bilhões na região até 2025 -o equivalente ao Orçamento de 150 anos de Santos, a maior cidade da costa paulista.
O cenário é traçado na Avaliação Ambiental Estratégica, um estudo de impacto dos investimentos decorrentes do pré-sal elaborado por uma consultoria contratada pelo governo do Estado.
O "boom" econômico que se avizinha, porém, levará pressão a serviços de saúde e educação e agravará os problemas ambientais e sociais.
A população deve saltar dos atuais 2 milhões de pessoas para 2,5 milhões em 2025, expansão de 23%, bem acima da esperada para o país no período, de 9,9%.
Mais habitantes e mais ricos: a expectativa é que, com a atração de profissionais especializados, a renda per capita aumente dos R$ 16,5 mil anuais para R$ 25,2 mil.

IMÓVEIS FECHADOS
Novos moradores de maior poder aquisitivo em uma região sem áreas para novas casas deve levar à procura por imóveis de veraneio, fechados a maior parte do ano.
A atividade econômica pode atrair mais eventos empresariais e impulsionar o turismo de negócios, empreendimentos turísticos planejados e novas opções de gastronomia e de eventos culturais.
Com isso, deve haver uma "redistribuição dos turistas ao longo do ano". Com quase meio milhão de habitantes a mais, também deve aumentar o chamado turismo de visita a parentes e amigos.

CONFLITOS
Além da disputa por bens e serviços, outro efeito colateral da expansão deve ser a redução da atratividade para o turista comum. "Turistas balneários esperam encontrar ambientes pouco ocupados", diz trecho do estudo.
Outro conflito deve vir da expansão de empreendimentos planejados (hotéis, resorts, clubes, marinas), que pode provocar a "apropriação de locais paisagisticamente privilegiados", a "alteração da paisagem e dos ecossistemas" e a verticalização de algumas regiões.
Para a secretária de Turismo de Santos, Wânia Seixas, a cidade já não tem tantos imóveis de veraneio e o turismo de negócio já é incentivado. "A cidade vem se preparando nos últimos dez anos. Trouxemos pessoas e empresas de volta ao centro, restauramos imóveis. Queremos que não vejam a cidade só como uma cidade de praia."
Antonio Carlos da Silva (PSDB), prefeito de Caraguatatuba, acha que a cidade, a maior do litoral norte, manterá suas casas de veraneio. "55% das construções do litoral norte são de veraneio. Acho que isso não muda."
Para ele, o ganho será divulgar a cidade. "Quem vem para negócios vem sozinho. Mas pode depois trazer a família para turismo", disse.
Para a prefeita do Guarujá, Maria Antonieta de Brito (PMDB), o turismo já tem mudado em razão de outras influências que não a do pré-sal. O trecho sul do Rodoanel, por exemplo, facilitou a descida e aumentou o fluxo.
Já a sazonalidade tem sido quebrada com o investimentos em turismo gastronômico, esportivo, cultural e ecoturismo. "A cidade tem muitos turistas o ano inteiro."


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