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Litoral do pré-sal terá mais negócios e menos veraneio
Investimentos mudarão o perfil do turismo na costa paulista, diz estudo
Em 15 anos, região deve ganhar 500 mil pessoas e ver renda média subir; casa fechada será alvo de pressão imobiliária
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
O litoral de São Paulo deve
perder nos próximos anos o
perfil de balneário -concentração de turistas em feriados
e temporada-, trocar imóveis de veraneio por residências fixas, ver avançar o turismo de negócios e acirrar a
disputa entre morador e visitante por bens e serviços.
O pivô é o pré-sal, petróleo
achado nas profundezas da
bacia de Santos, cuja exploração deve injetar R$ 209 bilhões na região até 2025 -o
equivalente ao Orçamento de
150 anos de Santos, a maior
cidade da costa paulista.
O cenário é traçado na
Avaliação Ambiental Estratégica, um estudo de impacto
dos investimentos decorrentes do pré-sal elaborado por
uma consultoria contratada
pelo governo do Estado.
O "boom" econômico que
se avizinha, porém, levará
pressão a serviços de saúde e
educação e agravará os problemas ambientais e sociais.
A população deve saltar
dos atuais 2 milhões de pessoas para 2,5 milhões em
2025, expansão de 23%, bem
acima da esperada para o
país no período, de 9,9%.
Mais habitantes e mais ricos: a expectativa é que, com
a atração de profissionais especializados, a renda per capita aumente dos R$ 16,5 mil
anuais para R$ 25,2 mil.
IMÓVEIS FECHADOS
Novos moradores de maior
poder aquisitivo em uma região sem áreas para novas
casas deve levar à procura
por imóveis de veraneio, fechados a maior parte do ano.
A atividade econômica pode atrair mais eventos empresariais e impulsionar o turismo de negócios, empreendimentos turísticos planejados e novas opções de gastronomia e de eventos culturais.
Com isso, deve haver uma
"redistribuição dos turistas
ao longo do ano". Com quase
meio milhão de habitantes a
mais, também deve aumentar o chamado turismo de visita a parentes e amigos.
CONFLITOS
Além da disputa por bens e
serviços, outro efeito colateral da expansão deve ser a redução da atratividade para o
turista comum. "Turistas balneários esperam encontrar
ambientes pouco ocupados", diz trecho do estudo.
Outro conflito deve vir da
expansão de empreendimentos planejados (hotéis, resorts, clubes, marinas), que
pode provocar a "apropriação de locais paisagisticamente privilegiados", a "alteração da paisagem e dos
ecossistemas" e a verticalização de algumas regiões.
Para a secretária de Turismo de Santos, Wânia Seixas,
a cidade já não tem tantos
imóveis de veraneio e o turismo de negócio já é incentivado. "A cidade vem se preparando nos últimos dez anos.
Trouxemos pessoas e empresas de volta ao centro, restauramos imóveis. Queremos
que não vejam a cidade só como uma cidade de praia."
Antonio Carlos da Silva
(PSDB), prefeito de Caraguatatuba, acha que a cidade, a
maior do litoral norte, manterá suas casas de veraneio.
"55% das construções do litoral norte são de veraneio.
Acho que isso não muda."
Para ele, o ganho será divulgar a cidade. "Quem vem
para negócios vem sozinho.
Mas pode depois trazer a família para turismo", disse.
Para a prefeita do Guarujá,
Maria Antonieta de Brito
(PMDB), o turismo já tem mudado em razão de outras influências que não a do pré-sal. O trecho sul do Rodoanel, por exemplo, facilitou a
descida e aumentou o fluxo.
Já a sazonalidade tem sido
quebrada com o investimentos em turismo gastronômico, esportivo, cultural e ecoturismo. "A cidade tem muitos turistas o ano inteiro."
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