São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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Moradia é ponto fraco do "boom do pré-sal"

Estudo aponta riscos como novas ocupações de áreas de preservação e inchaço de assentamentos irregulares

Expansão econômica deve ainda criar pressão em serviços públicos já precários, como saúde, saneamento e educação

DE SÃO PAULO

Os impactos do pré-sal na costa paulista tendem a gerar empregos, aumentar a renda e elevar a qualificação profissional, mas devem agravar a demanda por serviços de saúde e educação e, principalmente, por moradia.
Segundo a Avaliação Ambiental Estratégica, o período "mais crítico de pressão por oferta habitacional" será até 2015 -nesse período se concentrarão as atividades de construção e operação de estruturas de petróleo e gás.
A estimativa é que ao menos 10 mil trabalhadores sejam incorporados a essas atividades. Para o estudo, "é possível concluir que parte desses trabalhadores terá perfil de baixa qualificação e, portanto, de baixa renda".
O estudo afirma que, "se não houver a implementação de políticas econômicas, sociais e urbanas integradas, a demanda por moradias poderá resultar em maior pressão para a ocupação de áreas ambientalmente frágeis, com o adensamento de assentamentos irregulares".
No final de 2009, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente emitiu uma resolução definindo que qualquer empreendimento no litoral deverá prever a oferta de moradias a seus trabalhadores tanto na fase de instalação quanto na de operação.

PREOCUPAÇÃO
"Eu não tenho preocupação com quem vem investir, comprar uma casa. Me preocupo com as famílias de baixa renda, em ter política habitacional para elas", diz Antonio Carlos da Silva (PSDB), prefeito de Caraguatatuba.
Segundo ele, as moradias oferecidas no litoral têm um custo incompatível com as famílias de baixa renda. "E aí elas acabam invadindo a mata atlântica e áreas de risco."
"Se eu fosse pensar só no turismo, seria ótimo. Quinhentas mil pessoas a mais vão circular, comprar, fazer girar o comércio, mas elas também usam serviços públicos, saúde, educação", afirma Wânia Seixas, secretária de Turismo de Santos.
Para ela, a região tem de "olhar com cuidado" os impactos futuros e se preparar para receber a nova população. "Eu espero que a gente consiga manter essa qualidade de vida que temos hoje."
Ela demonstrou preocupação também com a segurança, tema ignorado no estudo.
Outros serviços que serão pressionados são educação, saúde, abastecimento de água, tratamento de esgoto e coleta de lixo. O lançamento de esgoto sem tratamento no mar deve crescer 22%.
(JOSÉ BENEDITO DA SILVA)


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