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Moradia é ponto fraco do "boom do pré-sal"
Estudo aponta riscos como novas ocupações de áreas de preservação e inchaço de assentamentos irregulares
Expansão econômica deve ainda criar pressão em serviços públicos já precários, como saúde, saneamento e educação
DE SÃO PAULO
Os impactos do pré-sal na
costa paulista tendem a gerar
empregos, aumentar a renda
e elevar a qualificação profissional, mas devem agravar a
demanda por serviços de
saúde e educação e, principalmente, por moradia.
Segundo a Avaliação Ambiental Estratégica, o período
"mais crítico de pressão por
oferta habitacional" será até
2015 -nesse período se concentrarão as atividades de
construção e operação de estruturas de petróleo e gás.
A estimativa é que ao menos 10 mil trabalhadores sejam incorporados a essas atividades. Para o estudo, "é
possível concluir que parte
desses trabalhadores terá
perfil de baixa qualificação e,
portanto, de baixa renda".
O estudo afirma que, "se
não houver a implementação
de políticas econômicas, sociais e urbanas integradas, a
demanda por moradias poderá resultar em maior pressão para a ocupação de áreas
ambientalmente frágeis,
com o adensamento de assentamentos irregulares".
No final de 2009, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente emitiu uma resolução
definindo que qualquer empreendimento no litoral deverá prever a oferta de moradias a seus trabalhadores
tanto na fase de instalação
quanto na de operação.
PREOCUPAÇÃO
"Eu não tenho preocupação com quem vem investir,
comprar uma casa. Me preocupo com as famílias de baixa renda, em ter política habitacional para elas", diz Antonio Carlos da Silva (PSDB),
prefeito de Caraguatatuba.
Segundo ele, as moradias
oferecidas no litoral têm um
custo incompatível com as
famílias de baixa renda. "E aí
elas acabam invadindo a mata atlântica e áreas de risco."
"Se eu fosse pensar só no
turismo, seria ótimo. Quinhentas mil pessoas a mais
vão circular, comprar, fazer
girar o comércio, mas elas
também usam serviços públicos, saúde, educação",
afirma Wânia Seixas, secretária de Turismo de Santos.
Para ela, a região tem de
"olhar com cuidado" os impactos futuros e se preparar
para receber a nova população. "Eu espero que a gente
consiga manter essa qualidade de vida que temos hoje."
Ela demonstrou preocupação também com a segurança, tema ignorado no estudo.
Outros serviços que serão
pressionados são educação,
saúde, abastecimento de
água, tratamento de esgoto e
coleta de lixo. O lançamento
de esgoto sem tratamento no
mar deve crescer 22%.
(JOSÉ BENEDITO DA SILVA)
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