São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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ILDAZIO MARQUES TAVARES (1940 - 2010)

Poeta, letrista e "Boca do Inferno"

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Há alguns anos, o filho de Baden Powell descobriu músicas inéditas do pai. Uma delas, desconhecida, tinha letra de Ildásio Tavares.
Baiano da região cacaueira de Gongogi, Ildásio foi registrado com "z" no nome, mas assinava com "s".
Ainda criança, morou em Feira de Santana, antes de ir para Salvador. Lá, formou-se em direito pela Universidade Federal da Bahia, mas descobriu que sua área era outra.
Após fazer licenciatura em letras, foi para os EUA, nos anos 70, fazer mestrado em literatura. O doutorado, em literatura portuguesa, foi realizado na federal do Rio, e o pós-doutorado em Lisboa.
Em Salvador, ele fundou um curso de inglês onde um jovem chamado Raul Seixas teria seu primeiro emprego.
Foi professor de literatura portuguesa na UFBA e lançou mais de 40 livros -a maioria de poesia, mas também romances, peças de teatro e o "A Arte de Traduzir".
Colega de Jorge Amado, Glauber Rocha e João Ubaldo Ribeiro, foi por um tempo vizinho em Itapuã de Vinicius de Moraes, de quem também virou amigo. Vinicius gravou uma música sua, "Catendê".
Compôs com Antônio Carlos e Jocafi e ouviu sua "Salve as Folhas", feita com Gerônimo, na voz de Bethânia.
Escreveu a primeira ópera negra, "Lídia de Oxum", com Lindembergue Cardoso.
Era culto, esculhambado e adorava xingar, conta o filho Gil Vicente, que presenciou o pai escrever num guardanapo a letra para Baden Powell. Alguns o chamavam de o Boca do Inferno do século 20.
Morreu no domingo, aos 70, após um acidente vascular cerebral. Deixa seis filhos.

coluna.obituario@uol.com.br


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