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ILDAZIO MARQUES TAVARES (1940 - 2010)
Poeta, letrista e "Boca do Inferno"
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Há alguns anos, o filho de
Baden Powell descobriu músicas inéditas do pai. Uma
delas, desconhecida, tinha
letra de Ildásio Tavares.
Baiano da região cacaueira de Gongogi, Ildásio foi registrado com "z" no nome,
mas assinava com "s".
Ainda criança, morou em
Feira de Santana, antes de ir
para Salvador. Lá, formou-se
em direito pela Universidade
Federal da Bahia, mas descobriu que sua área era outra.
Após fazer licenciatura em
letras, foi para os EUA, nos
anos 70, fazer mestrado em
literatura. O doutorado, em
literatura portuguesa, foi
realizado na federal do Rio, e
o pós-doutorado em Lisboa.
Em Salvador, ele fundou
um curso de inglês onde um
jovem chamado Raul Seixas
teria seu primeiro emprego.
Foi professor de literatura
portuguesa na UFBA e lançou mais de 40 livros -a
maioria de poesia, mas também romances, peças de teatro e o "A Arte de Traduzir".
Colega de Jorge Amado,
Glauber Rocha e João Ubaldo
Ribeiro, foi por um tempo vizinho em Itapuã de Vinicius
de Moraes, de quem também
virou amigo. Vinicius gravou
uma música sua, "Catendê".
Compôs com Antônio Carlos e Jocafi e ouviu sua "Salve
as Folhas", feita com Gerônimo, na voz de Bethânia.
Escreveu a primeira ópera
negra, "Lídia de Oxum", com
Lindembergue Cardoso.
Era culto, esculhambado e
adorava xingar, conta o filho
Gil Vicente, que presenciou o
pai escrever num guardanapo a letra para Baden Powell.
Alguns o chamavam de o Boca do Inferno do século 20.
Morreu no domingo, aos
70, após um acidente vascular cerebral. Deixa seis filhos.
coluna.obituario@uol.com.br
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